Opinião

Cibaé Modojebádo, a Rosa Bororo: Uma homenagem

Pouco se sabe sobre a vida da mulher da etnia Bororo Cibaé Modojebádo (cibaé = ave araracanga; modojebádo = pessoa distribuidora desta ave). Nasceu em uma aldeia às margens do rio São Lourenço, no século XIX e morreu em uma aldeia Bakairi, às margens do rio Paranatinga, em 28 de julho de 1912. Ainda criança, a indígena Bororo Oriental ou Coroado chegou a Cuiabá após ter sido capturada por uma bandeira punitiva, quando foi entregue à família Miranda de Rodrigues.

Rosa Bororo, como passou a ser chamada, foi alfabetizada e catequisada na doutrina cristã. Em 1886, expedições ‘pacificadoras’ e punitivas foram organizadas por ordens do presidente da província, Galdino Pimentel, com a finalidade de pôr fim aos ataques dos índios da etnia Bororo aos caminhos que levavam Vila Boa de Goiás a Cuiabá. Nas expedições, chefiadas por Antonio José Duarte, mulheres também se faziam presentes, dentre elas, Cibaé Modojebádo e sua filha que faleceu em virtude de uma doença.

Cibaé Modojebádo, vítima e testemunha de episódios violentos da história da usurpação do território tradicional de seu povo, após o empreendimento de Duarte que combateu violentamente os indígenas, regressou a Cuiabá. Pouco tempo depois, passou a viver na região de Paranatinga, em uma aldeia Bakairi. Faleceu em 1912, nos braços de seu filho José Coroado. Desacreditada da lealdade dos não índios, a ele sussurrou: “Nunca confies em branco, estes só agradam quando precisam”.

Em Rondonópolis o Museu Rosa Bororo, que ocupa um imóvel da década de 1950, possui um acervo constituído por objetos e documentos históricos que remetem à memória da cidade. Cibáe está incorporada nos discursos memorialísticos da cidade, eternizada como uma personagem heroica. O museu oferece aos visitantes exposições de referências culturais: cultura afro e inventário documental do patrimônio imaterial mato-grossense. Esta última expõe parte do inventário de saberes, modos de fazer, formas de expressão, lugares de práticas culturais do Mato Grosso. Fruto do convênio entre a Universidade Federal de Mato Grosso e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o inventário consiste no resultado de pesquisa realizada na Casa Barão de Melgaço, Museu Rondon, Operação Amazônia Nativa, Arquivo Público e Universidade Federal de Mato Grosso, sem dúvida, lugares de memória mato-grossense.

Vale a visita ao Museu Rosa Bororo, ainda mais guiada pela zelosa equipe institucional que narra uma parte da história dos Bóe-Bororo, de Rondonópolis, de Mato Grosso, do Brasil. De canja, na Praça Brasil, em frente ao Museu Rosa Bororo, um pé de Ipê, com sua frondosa copa de flores amarelas. Uma homenagem à mulher distribuidora da ave araracanga.

 

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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