A temporada de chuvas intensas em Mato Grosso tem gerado uma série de desafios para os produtores rurais, impactando diretamente a produção de soja e milho no estado. Segundo Lucas Costa Beber, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja-MT), os problemas vão desde atrasos na semeadura até perdas expressivas de qualidade e peso nos grãos colhidos.
De acordo com Beber, o ciclo da soja começou com atrasos, o que comprometeu também a janela ideal para o plantio do milho. Mesmo com o bom desenvolvimento das lavouras, o excesso de chuvas dificultou a colheita e prejudicou o cronograma agrícola. “Em uma semana, você pode perder até 15% do peso da soja por conta da umidade”, destacou.
Apesar dos percalços, a safra de soja deve bater novo recorde, com previsão de 49 milhões de toneladas, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). O número supera os 45,3 milhões registrados no ano retrasado. Ainda assim, o plantio do milho sofreu atraso significativo, com os primeiros 45% das áreas sendo semeados com até 20 dias de diferença do ideal.
Outro fator de preocupação apontado por Beber é o processo de polinização do milho, que exige condições específicas. “Diferente da soja, o milho precisa de calor e tempo seco para fecundar. Se chover muito no momento do penuamento, o pólen pode ser lavado e a polinização falhar”, alertou o presidente da Aprosoja-MT.
Com cerca de 4% da área de milho ainda fora da janela ideal — que se encerrou no início de março — e a previsão de continuidade das chuvas em março, os produtores permanecem em estado de alerta. A situação reforça a necessidade de estratégias mais flexíveis para lidar com a imprevisibilidade climática, em um setor que sustenta boa parte da economia nacional.