Morador de Bela Vista, MS, fica ilhado na própria residência (Foto: Divulgação/ Defesa Civil)
As chuvas deste domingo (6) provocaram o rompimento de uma barragem em Caarapó e desabrigou cerca de 30 famílias em Bela Vista. No sábado (5), outras cidades registraram prejuízos, incluindo Campo Grande. O governo do estado reconheceu estado de emergência para 14 cidades.
Em Bela Vista, cerca de 30 famílias ribeirinhas ficaram desabrigadas depois de o nível do rio Apa subir e provocar enchentes em três bairros de Bela Vista, cidade a 309 quilômetros da capital sul-mato-grossense. De acordo com a prefeitura, os moradores que não têm para onde ir estão sendo levados para dois prédios públicos. Dez famílias já ocupam esses espaços.
Dois caminhões do Exército Brasileiro e 15 homens atuam no trabalho de resgate aos moradores neste domingo (6) em conjunto com assistentes sociais e uma equipe da Secretaria de Obras da cidade. A titular da Secretaria de Assistência Social Pamela Pires Nunes informou ao G1 que até o momento 26 casas estão alagadas na região do bairro Baixada Corinthiana.
O trabalho de resgate começou por volta das 13h30 de sábado (5) depois de um alerta para enchentes na região. Roberto Bento Medina, de 50 anos, está na casa da mãe, de 78 anos, desde as 5h (de MS) deste domingo. Ele foi chamado por familiares para socorrê-la depois que a água invadiu a residência, onde ela mora com uma filha. Móveis e eletrodomésticos foram colocados na rua. Na casa, a água está a 30 centímetros acima do piso.
"A casa dela fica a uns 1.500 metros do rio, no centro da cidade. Tem umas 20 pessoas aqui na mesma situação. Ergueu tudo. Começou ontem era umas 20h. A minha irmã ligou e a gente tirou tudo para fora, TV, sofá, geladeira. Agora a gente vai levar para outra casa", relatou Medina.
A secretária de assistência social contou que o nível do rio continua subindo, mas alguns moradores resistem e preferem continuar nas casas. "O nível do rio está subindo rápido demais. A semana toda choveu muito aqui na cidade. Estamos tendo dificuldade para retirar as pessoas porque algumas querem continuar em casa para cuidar do imóvel, dos animais. Por isso estamos levando tudo de caminhão", disse Pâmela.
Ela acrescentou que o trabalho em apoio aos moradores ribeirinhos deve continuar até que a situação seja normalizada. As famílias estão sendo encaminhadas para os prédios do Centro Comunitário e do Projeto Conviver, onde devem permanecer temporariamente. A cidade não está na lista dos municípios que decretaram situação de emergência.
Em Caarapó, uma barragem de quase 20 metros de altura se rompeu pela força da água na madrugada deste domingo. O balneário que tinha mais de 30 anos foi totalmente esvaziado, segundo o secretário de governo e comunicação do município Dilermano Alves.
De acordo com o secretário, não houve registro de feridos. As equipes da Defesa Civil alertaram as famílias que moram no aterro que fica localizado abaixo do balneário. Os prejuízos ainda serão calculados.
Interdição
A "ponte velha", que liga os municípios de Jardim e Guia Lopes da Laguna, foi interditada momentaneamente pelo Corpo de Bombeiros na manhã deste domingo por volta das 9h, por causa da cheia dos rios Miranda e Santo Antônio.
Conforme os bombeiros, a água não chegou a transbordar a ponte, mas por motivo de precaução, optaram em interditar a via.
Outros municípios
Em Coronel Sapucaia, região sul do estado, a rodovia MS-289 que liga a cidade a Amambai, ficou destruída por causa das chuvas. Segundo a Polícia Militar Rodoviária, a pista no km 20 foi arrancada e a está interditado desde às 4h de hoje. O Córrego Areião transbordou e pista ficou coberta pela água e a rodovia precisou ser interditada pelos militares.
Uma opção de desvio, segundo a PMR é a MS-156 que beira a fronteira com o Paraguai.
Além disso, segundo a polícia, 30 quilômetros a frente um barranco derrubou uma parte da rodovia e o acesso dos carros está sendo feito apenas por uma estrada de chão. Ainda conforme a PMRE, não há previsão de liberação dos trechos.
Em outra rodovia, na MS-295, que liga Amambai e Iguatemi, a chuva foi tanta que uma ponte cedeu.
Já em um acesso para uma estrada vicinal para Aral Moreira, um buraco abriu na lateral da pista, o córrego transbordou e uma casa foi levada, deixando uma família desalojada.
De acordo com a polícia, mesmo com a gravidade. O trânsito não foi prejudicado.
Em Campo Grande, a chuva durou 1h10 e teve ventos de 42 km/h causou alagamentos, estragos e inundações em 17 pontos da capital. O Corpo de Bombeiros registrou cerca de 20 chamados, sendo sete emergenciais.
Também foi registrado uma morte no Córrego Anhanduizinho. A perícia esteve no local e a informação é que a vítima caiu com a enxurrada e o corpo foi encontrado a metros de distância. A vítima ainda não foi identificada. Os bombeiros também fizeram o escoamento da água em casas alagadas.
Emergência
O governo de Mato Grosso do Sul, após as fortes chuvas que atingiram a região sul do estado, reconheceu a situação de emergência dos 14 municípios atingidos. Além de pontes, diversas rodovias, galerias e dutos foram destruídos ou danificados parcialmente em Tacuru, Naviraí, Itaquiraí, Aral Moreira, Coronel Sapucaia, Amambai, Iguatemi, Sete Quedas, Paranhos, Caarapó, Juti, Novo Horizonte do Sul, Japorã e Eldorado.
Fonte: G1