Preocupação. Esta palavra define o sentimento da juíza de Direito Soraya Brasileiro Teixeira, titular da 10ª Vara Cível de Uberlândia. Ao chegar para trabalhar nesta sexta-feira (6) ela se deparou com pilhas de processos molhados pela chuva e o jeito foi fazer um mutirão para tentar recuperá-los. Ventiladores e secadores de cabelo foram escolhidos para “dar uma mãozinha” na tarefa.
Soraya Brasileiro disse que desde que assumiu a titularidade da 10ª Vara, em 2012, foi informada da existência de um problema crônico no telhado do prédio que sedia o Fórum. “Tendo em vista que o espaço do gabinete é pequeno, muitos processos são colocados no chão ou sobre os escaninhos. Com a chuva desta sexta, começou a minar água em grande quantidade em buracos existentes no gesso e inundou o local, molhando inúmeros processos”, contou.
O G1 entrou em contato com a assessoria de comunicação do Fórum para falar sobre problemas de estrutura do local, mas foi informado que somente o Juiz de Direito Diretor do Foro poderia se pronunciar sobre o caso e ele não estava no local no momento.
A juíza contou que o problema com os processos só foi detectado às 8h e a chuva se iniciou no início da madrugada. ”Para evitar mais danos, secamos a água e colocamos todos os processos sobre as mesas. Fizemos um mutirão e estamos secando com ventiladores e secadores de cabelo os processos atingidos a fim de impedir que sejam danificados. Em razão disso, o serviço interno está paralisado”, afirmou.
Soraya Brasileiro salientou que de imediato, além do mutirão para secar os processos, ela vai comprar lonas, com o próprio dinheiro, para cobrir processos e máquinas. “Estou preocupada com o fim de semana que inicia e o feriado prolongado da semana que vem. Não há conserto, sabemos. Não há perspectiva de que a obra do Fórum novo se conclua. Não há o que fazer”, acrescentou.
Outros casos
A juíza lembrou que em chuvas passadas houve outros problemas no gabinete dela. “Já perdemos um teclado de computador que se queimou pela água escorrida das goteiras. Esse teclado foi encaminhado para o Tribunal com pedido de substituição e só foi trocado depois de seis meses. Durante este tempo uma estagiaria trazia o particular dela para o serviço não ficar paralisado”, contou.
Soraya Brasileiro disse que, diante das goteiras e do período de chuva, houve uma vez que um estagiário chegou até a colocar um balde suspenso para evitar que a água caísse nos processos e equipamentos
Soraya Brasileiro finalizou dizendo que a falta de estrutura acaba sendo um desestimulo para realizar o trabalho. “Estou vendo o sucateamento proposital do judiciário, que é o único Poder da Federação verdadeiramente capaz de preservar direitos. Um salário defasado há dez anos, acumulo de processo, falta de estrutura material e humana, tudo isso me faz sentir nadando contra a corrente e isto cansa e desestimula”, desabafou.
Fonte: G1