A Polícia Federal de Araçatuba (SP) encontrou nesta terça-feira (23) uma chinesa, de 23 anos, que vivia trancada no depósito de mercadorias e sem condições adequadas para comer ou dormir. De acordo com a PF, uma loja de bijuterias mantinha a mulher trabalhando em situação semelhante à de escravidão, há aproximadamente três anos, desde que chegou ao Brasil.Os donos da loja, que também são chineses, foram encaminhados para a sede da Polícia Federal para esclarecimentos. O casal suspeito pode responder por trabalho escravo, que prevê de 2 a 8 anos de prisão; o crime é inafiançável e eles devem ser transferidos para cadeias da região.
De acordo com Frederico Franco Rezende, delegado da Polícia Federal, a jovem trabalhava para pagar uma dívida de seus pais com os comerciantes. "Ela recebia em torno de R$ 1 mil mensais, mas todo o salário ficava retido com os proprietários da loja", explica.
Segundo informações da Polícia Federal, o flagrante foi feito após ser chamada para averiguar uma denúncia sobre documentação e procedência de mercadorias. De acordo com a polícia, a mulher era mantida no segundo piso do estoque, com um colchão no chão e coberto com tapumes de madeira e papelão. Aparentemente, ela bebia água dentro de um balde. Pedaços de tomate e frango foram encontrados estocados no chão.
De acordo com depoimentos de funcionárias da loja, a mulher era constantemente xingada e não podia sair do local, mas elas não sabiam das condições em que ela vivia.Os donos diziam ser tios dela e não a deixavam sair da loja, sempre dizendo que ela tinha que trabalhar. Ela também não comia e não podia usar o banheiro. Como ela não falava português direito, mas sabíamos da situação, conta uma mulher, que não quis ser identificada.A PF informou que a jovem não é parente dos comerciantes. Ela também foi encaminhada à Polícia Federal, onde aguarda para ser ouvida. O Ministério Público do Trabalho acompanha o caso e deve providenciar um abrigo para a jovem.
G1