O nível do Rio Acre alcançou os 17, 88 metros nesta segunda-feira (2), em Rio Branco. O rio ultrapassou a cota histórica registrada em 1997, quando atingiu a marca de 17,66 metros. Cinco abrigos públicos foram montados na capital para receber as vítimas da enchente, três deles já estão lotados. A cheia atinge 40 dos 212 bairros da cidade, desabriga 6 mil pessoas e afeta diretamente 71 mil pessoas. Normalmente, o Rio Acre na capital apresenta o nível de seis a oito metros e pode ficar abaixo de três metros em períodos de seca.
No domingo, o prefeito Marcus Alexandre decretou estado de calamidade pública. O governo do estado e a prefeitura do município deram ponto facultativo nesta segunda e terça-feira (3), e pediram aos funcionários públicos que ajudem na assistência aos atingidos pela enchente. "Todo esforço humano estará a serviço do atendimento das famílias afetadas pela alagação", diz o governo, por meio de nota.
Apenas os serviços essenciais de limpeza, coleta de lixo e conservação da cidade, atendimento ao público nos Centros de Atendimento ao Cidadão (CAC) e na OCA, serão mantidos. As Unidades de Referência de Atenção Primária (URAPs) e Centros de Saúde, também terão funcionamento normal.
A ponte Juscelino Kubitschek, a "Ponte Metálica", que liga o primeiro ao segundo distrito da cidade, foi interditada no domingo, por medida de segurança. A ponte de concreto também foi fechada. O Parque de Exposições Marechal Castelo Branco, maior abrigo público, aloja 1.395 famílias. O Sest-Senat, segundo abrigo montado, também está lotado com 168 famílias, assim como o abrigo no Sesc com 150 famílias. O Ginásio do Sesi também está sendo usado como abrigo e começou a receber as primeiras famílias.
A prefeitura orienta que as pessoas usem a terceira e a quarta ponte e evitem o Centro da Cidade, pois o trânsito está complicado. Pede ainda que as pessoas fiquem em casa para não atrapalhar o trabalho da Defesa Civil, prefeitura e governo.
Além da cheia histórica de 1997, Rio Branco enfrentou outra grande enchente no ano de 2012, quando o nível chegou à marca de 17,64 metros. Nesse ano, 1.700 famílias ficaram desabrigadas pela cheia.
Alerta
Devido a quantidade de bairros que foram atingidos pela cheia, a Eletrobras Distribuição Acre emitiu uma nota de alerta no último dia 28 sobre a necessidade do corte de fornecimento de energia elétrica nas áreas afetadas pela cheia do Rio Acre e seus afluentes em Rio Branco. Segundo a nota, tal medida é adotada devido ao risco de ocorrência de acidentes envolvendo energia elétrica. A distribuidora pede para que os moradores evitem manusear equipamentos elétricos e não façam ligações provisórias até a chegada das equipes da Defesa Civil.
No dia 28, a inspetora de escola Fátima Lima de Moura, de 64 anos, morreu após receber uma descarga elétrica na Rua Tião Natureza, no bairro Palheiral, um dos atingidos pela cheia do Rio Acre. A vítima saía da casa da filha e teve contato com a água que invadiu o quintal.
No domingo (1), um homem de 62 anos sofreu uma descarga elétrica enquanto supostamente mexia em um padrão de energia no bairro Habitasa, local atingido pela enchente do Rio Acre. Ele foi encaminhado para o Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb) e segundo o diretor clínico da unidade de saúde, Giovanni Casseb, está fora de risco e apresenta quadro clínico estável.
Campanha
O governo do Acre iniciou no dia 23 a campanha para arrecadar doações para a população dos municípios atingidos pela recentes enchentes dos rios acreanos. A ação faz parte do movimento "Acre Solidário", encabeçado pela primeira dama do estado, Marlúcia Cândida. O foco da campanha é arrecadar alimentos não perecíveis, com destaque para o leite em pó e massa para mingau, além de outros itens, como fraldas descartáveis, roupas e calçados.
Na capital, os donativos podem ser entregues na Central de Serviço Público (OCA), na Avenida Brasil; Palácio das Secretarias; Quartel da Polícia Militar; Casa Civil; Igreja Batista do Bosque; Supermercados Araújo do Tangará, Aviário, Izaura Parente e Via Chico Mendes; Secretarias e autarquias estaduais.
Fonte: G1