O empresário Paulo Jones Flores foi condenado pela Justiça Federal de Sinop (500 km de Cuiabá-MT) a 82 anos, 9 meses e 17 dias de reclusão em regime fechado por tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa. Ele foi preso em 2014 durante a Operação Veraneio desencadeada pela Polícia Federal.
Mesmo estando preso desde 2014, o juiz da 2ª Vara Federal em Sinop, Marcelo Queiroz Linhares, decidiu por não proceder com o abatimento do período na pena privativa de liberdade.
O Ministério Público Federal considerou o réu e confirmado pela sentença judicial como o líder da organização criminosa, sendo o responsável por manter contato direto com traficantes estrangeiros – marcando as datas, locais e condições das pistas de pouso, variações de preço da droga, pagamentos devidos, códigos transponder, entre outros –, coordenando e financiando a aquisição e preparação e aeronaves para a realização do transporte de drogas, bem como cooptando pilotos e mecânicos para os trabalhos, e até mesmo pessoas da sua família.
O réu ainda contava com apoio de um braço direito dentro da organização criminosa que ele comandava. A pessoa de confiança era o responsável, entre outras funções, de realizar a aquisição das aeronaves, até mesmo em leilões junto a Secretaria Nacional de Drogas (SENAD), demonstrando assim “o nível de ousadia da organização criminosa”.
O braço direito que não teve o nome divulgado, pelo processo estar em segredo de justiça foi condenado a 11 anos e seis meses de reclusão pelos crimes de lavagem de capitais e formação de organização criminosa. Como também estava preso desde novembro de 2014 e, o juiz considerando que o acusado não oferece qualquer risco a instrução criminal, foi concedida liberdade provisória, condicionada ao cumprimento de medidas cautelares diversas da prisão, como comparecimento mensal ao juízo da residência entre outros.
Como os réus também não foram capazes de comprovar a origem lícita dos bens móveis – carros, aviões, celulares – e imóveis urbanos e rurais, e valores dos patrimônios que foram apreendidos, sequestrados ou indisponibilizados durante a ação penal, o juiz federal decretou, em favor da União, o perdimento de todos os bens.
OPERAÇÃO VERANEIO – As investigações que deram origem a Operação Veraneio tiveram início em dezembro de 2011. De forma ampla, os fatos investigados diziam respeito à suposta atuação, na região norte do estado de Mato Grosso, de organização criminosa dedicada ao transporte aéreo de substância entorpecentes entre a Venezuela e Honduras. Foram realizadas interceptações telefônicas pela Polícia Federal.
O relatório da Polícia Federal apontou o empresário de Sinop, Paulo Jones Flores, como sendo o líder da quadrilha que traficava cocaína das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) da Venezuela para Honduras. Conforme o documento, toneladas de drogas eram levadas para cartéis do México.
Paulo é citado no relatório como o principal responsável pelo envio da aeronave PT-OFH, da Venezuela para Honduras, no início do mês de julho de 2012. No avião foram apreendidos 968 quilos de cocaína. Os comparsas considerados “braço direito” do sinopense eram os empresários Ronald Roland e Manoel Meleiro Gonzales, ambos do estado de São Paulo.
Paulo Jones possui sete empresas do ramo de aviação, desde manutenção à combustível e táxi aéreo. “Paulo Jones alega ter enriquecido por ser empresário do ramo de aviação […]. A investigação comprova que a maior fonte de renda de Flores é o tráfico internacional de cocaína”, diz trecho do documento da PF.
