Ministro da Casa Civil e um dos principais auxiliares de Michel Temer, Eliseu Padilha disse nesta segunda-feira (28) que as possibilidades de a PGR (Procuradoria-Geral da República) apresentar uma nova denúncia contra o presidente nos próximos dias são "as maiores do mundo".
Segundo o ministro, porém, é preciso que a peça seja "fundamentada" e que a "missão" do Ministério Público Federal seja cumprida "nos estritos limites da lei".
"As possibilidades serão as maiores do mundo em todos os aspectos, a nossa possibilidade de aprovação das nossas regras [nas votações do Congresso], também a possibilidade de surgir uma nova denúncia, por óbvio que é possível. Naturalmente que ela tem que ser fundamentada", afirmou Padilha, após evento no Palácio do Planalto, ao ser questionado sobre os possíveis prazos dos procuradores.
A expectativa em Brasília é a de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresente nova denúncia contra Temer antes de deixar o cargo, em 17 de setembro, quando será substituído por Raquel Dodge, nomeada pelo presidente.
Perguntado se uma segunda denúncia preocupava o governo, mergulhado desde maio numa crise política provocada pela delação da JBS, que implica diretamente o presidente, Padilha foi evasivo e disse apenas que "o presidente estará viajando para a China [nesta terça-feira]".
Segunda denúncia
A possibilidade de Janot apresentar uma segunda denúncia baseada no inquérito aberto pelo STF (Supremo Tribunal Federal) para investigar Temer por corrupção, obstrução de Justiça e organização criminosa -além de sessões com importantes votações no Congresso- fez com que o presidente esvaziasse sua comitiva para a reunião dos Brics, na China, e deixasse seu principal time em Brasília.
Os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Dyogo Oliveira, não viajarão com Temer, para acompanhar a votação da revisão da meta fiscal pelos parlamentares -o governo aumentou o deficit deste ano de R$ 139 bilhões para R$ 159 bilhões.
O próprio Padilha, que inicialmente estava na comitiva à Ásia, vai ficar em Brasília, assim como Moreira Franco (Secretaria-Geral) e Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), para monitorarem o Legislativo e também fazerem a defesa do presidente caso a PGR haja até a primeira semana de setembro. Temer retorna da China apenas em 6 de setembro.
Na primeira denúncia contra o peemedebista, bloqueada pela Câmara no início de agosto, a PGR acusava Temer de corrupção passiva. Agora, Janot deve usar a delação premiada do operador Lúcio Funaro, ligado ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para embasar a segunda peça.