O episódio ocorreu minutos depois de ele iniciar a reunião da comissão. O rapaz foi retirado do local pela Polícia Legislativa da Câmara.
"Aquele senhor de barba, chama a segurança, me chamou de racista. Racismo é crime. Eu quero que ele saia preso daqui", disse.
Os manifestantes contra Feliciano tentaram impedir a saída do colega e o abraçaram, mas ele foi levado por vários policiais para o departamento de Polícia da Câmara. O rapaz foi identificado como Marcelo Pereira por outros colegas.
Segundo a polícia, o manifestante foi detido para prestar esclarecimentos e deve ser liberado.
Na sessão, Feliciano reiterou que não vai sair do cargo. "Vou pedir para os manifestantes que mantenham a calma. Não vou ceder a pressão. Pode gritar, pode espernear."
O deputado ainda decidiu trocar de sala para impedir a presença de manifestantes.
REUNIÃO
Ontem, mesmo após ultimato do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o PSC decidiu manter Feliciano no comando da comissão.
Apesar de ter manifestado a colegas insatisfação com a permanência do pastor, o presidente da Câmara tem afirmado que não há margem regimental, como uma intervenção direta, para tirá-lo da presidência. Por isso, apelou à cúpula do partido.
Após o PSC bancar Feliciano, Alves se reuniu com líderes partidários, que decidiram convocar Feliciano para uma reunião na próxima terça-feira (2).
As pretensões de consenso empreitadas por Alves esbarram, contudo, em seu partido. A Folha apurou que, junto com o PR, o PMDB se recusou nesta terça-feira a divulgar, junto com os demais líderes, uma nota de repúdio pela permanência do pastor na presidência da comissão.
O líder do partido na Casa, Eduardo Cunha (RJ), é da bancada evangélica. Anthony Garotinho (RJ), líder do PR, também.
Qualquer deliberação oficial do colégio de líderes exige consenso. Embarreirados pelos partidos, restou a Alves e os demais líderes voltar a apelar pela saída do deputado
Desde que assumiu o posto, no começo do mês, Marco Feliciano tem sido pressionado para deixar o cargo.
PRESSÃO
A pressão pela sua saída cresceu após a divulgação de um vídeo, no último dia 18, com críticas aos seus opositores.
O material, publicado pela produtora de um assessor do deputado, e divulgado por Feliciano no Twitter, chama de "rituais macabros" os atos contra sua indicação e questiona a conduta de seus opositores.
As duas únicas sessões da Comissão de Direitos Humanos realizadas sob o comando de Feliciano foram marcadas por manifestações contra sua permanência.
O pastor é acusado de ter opiniões consideradas homofóbicas e racistas. Feliciano nega as acusações e diz que apenas defende posições comuns aos evangélicos, como ser contra a união civil homossexual.
CRONOLOGIA
Entenda a polêmica sobre a presidência da Comissão de Direitos Humanos na Câmara
27.fev
Partidos dividem cargos nas comissões temáticas da Câmara. Após acordo, o PT abre mão da Comissão de Direitos Humanos e Minorias e o PSC fica com o direito de indicar o presidente.
4.mar
Cotado para a vaga, o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) é alvo de protestos em redes sociais por ter opiniões consideradas homofóbicas e racistas por ativistas dos direitos humanos. O pastor reage e abre um abaixo-assinado em seu site para reunir apoio por sua indicação à comissão.
6.mar
Indicado pelo seu partido para a vaga, a reunião que o elegeria presidente da Comissão de Direitos Humanos é suspensa após manifestações e adiada em um dia.
7.mar
Em reunião fechada, sem os manifestantes, Feliciano é eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos com 11 votos dos 18 possíveis. Após bate-boca, representantes do PT, do PSOL e do PSB deixaram a reunião antes mesmo de a votação ser convocada.
9.mar
Manifestantes contrários à eleição do pastor para a presidência da comissão vão às ruas pedir a sua destituição do cargo. Só em São Paulo, ao menos 600 pessoas participaram do ato, de acordo com a Polícia Militar.
11.mar
O deputado é alvo de novo protesto, desta vez em Ribeirão Preto, cidade que abriga uma das principais filiais de sua igreja evangélica, a "Catedral do Avivamento". Manifestantes foram para a frente do templo pedir sua saída da comissão
13.mar
Folha revela que o deputado emprega no gabinete cinco pastores de sua igreja evangélica que recebem salários da Câmara sem cumprir expediente em Brasília nem em seu escritório político em Orlândia (cidade natal dele, no interior de São Paulo, a 365 km da capital).
13.mar
Na primeira sessão da Comissão de Direitos Humanos, Feliciano enfrenta protestos, bate-bocas e questionamentos. Em quase duas horas de sessão, marcada pela intervenção constante de movimentos sociais, o pastor pediu "humildes desculpas" e um "voto de confiança".
16.mar
Pelo segundo fim de semana seguido, manifestações pelo país pela saída do pastor da presidência da comissão tomas as ruas. Em São Paulo, a passeata começou na avenida Paulista e terminou na praça Roosevelt (centro)
18.mar
Com o acirramento das críticas, Feliciano divulga em sua conta na rede social Twitter um vídeo que chama de "rituais macabros" os atos contra a sua indicação para o cargo
20.mar
Na segunda reunião da comissão sob o comando de Feliciano, a sessão é suspensa após novos protestos de movimentos sociais
21.mar
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), pressiona para que Feliciano renuncie à presidência da Comissão e dá prazo até terça-feira (26) para uma solução
26.mar
O PSC decide manter Feliciano na presidência da comissão
Fonte: Folha de São Paulo