A Controladoria-Geral da União (CGU) identificou que cinco das dez ONGs que mais receberam “emendas Pix” nos últimos quatro anos não têm capacidade técnica e operacional para a prestação dos serviços contratados. Entre 2020 e 2024, foram empenhados R$ 27 milhões para essas dez entidades, dos quais mais de R$ 18 milhões já foram pagos. Para as cinco entidades sem capacidade técnica e operacional, foram empenhados R$ 19,5 milhões.
Os dados constam em relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) por determinação do ministro Flávio Dino. Em agosto, Dino suspendeu a execução das emendas impositivas até o Congresso e governo melhorarem a transparência e rastreabilidade dos repasses. Ele determinou que a CGU realize auditoria de todos os repasses de “emendas PIX” em benefício de ONGs e demais entidades do terceiro setor, realizados entre 2020 e 2024.
Ao todo, um R$ 96,3 milhões em emendas foram direcionadas a 274 organizações sem fins lucrativos entre 2020 e 2024, de acordo com a CGU. Desse montante, R$ 82 milhões já foram pagos. A auditoria se concentrou em duas ONGs de cada região que receberam o maior volume de recursos.
A CGU também relatou que 8 das 10 ONGs apresentam falta de critérios objetivos na aquisição de bens e na contratação de serviços – ou seja, sem a eficiência necessária para a gestão do dinheiro público. Entre os problemas identificados está a falta de direcionamento da emenda para um fim específico, a ausência de chamamento público e falta de planejamento para execução eficiente e eficaz dos contratos.
Em relação à transparência, a CGU apontou que nenhuma das entidades alcançou o nível mínimo de transparência exigido. “Em todos os casos, não há qualquer informação disponível sobre os valores recebidos e executados. Além disso, três das entidades auditadas não possuem um site próprio”, diz o relatório.