A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) confirmou, nesta quarta-feira (28), que o município de Cubatão (SP) foi atingido por uma chuva ácida após o vazamento tóxico oriundo de uma empresa do Polo Industrial. Os danos ao meio ambiente já começaram a aparecer. Pelo Twitter, a prefeita da cidade, Marcia Rosa, já havia manifestado sua preocupação com a situação.
A ruptura em uma tubulação da empresa Anglo American Fosfatos Brasil causou o vazamento do gás dióxido de enxofre (SO²) na sexta-feira (23). Os funcionários foram retirados do local e cerca de 80 pessoas foram encaminhadas ao Pronto Socorro Central e outras unidades de saúde do município com irritação nos olhos, nariz, garganta, mal-estar e tontura. A empresa responsável pelo vazamento foi multada em R$ 212 mil.
Em algumas áreas da cidade, a vegetação foi alterada e apresenta manchas e perfurações nas folhas. Segundo Murillo Consoli Mecchi, mestre em Biologia Química pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), isso é uma evidência da chuva ácida. “O ácido tem a característica de desidratar aos poucos as plantas, vai se espalhando de um ponto a outro, e pode causar perfurações. Já o sol desidrata por igual. São características diferentes”, explica.
Ainda de acordo com o biólogo, o prejuízo ao meio ambiente pode ser ainda maior. “Além de comprometer a vegetação, nós temos animais que dependem dessas plantas. Essa chuva ácida pode escorrer também para o solo, onde pode arrancar minerais e nutrientes importantes para o crescimento da vegetação, além de levar metais pesados para rios e lagos”, conclui.
Em entrevista ao G1, o secretário de governo Fábio Oliveira Inácio afirmou que o município está preocupado com as consequências do vazamento. "Tomamos providências e pedimos esclarecimentos para a Cetesb, para o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e para a empresa responsável. Estamos analisando as possíveis consequências desse acidente, que poderia ser uma tragédia ainda maior. Infelizmente, faltou comunicação", diz Inácio.
Histórico
Na década de 1980, a cidade de Cubatão era conhecida como “Vale da Morte”, por conta dos reflexos provocados pelo Polo Industrial, que resultava em um alto nível de poluição, pela falta de legislação ambiental. O município era um dos mais poluídos do mundo e já havia sofrido com incidentes provocados pela chuva ácida. Hoje, a cidade é reconhecia pela Organização das Nações Unidas (ONU) como símbolo de recuperação ambiental.
Fonte: G1