Texto e foto de Valéria del Cueto
É, ainda está difícil. Saí da praia na quinta-feira da semana passada, depois de “burilar” a crônica exaltação “Me engana”, jurando que voltaria no dia seguinte. Somente hoje, a outra quinta, voltei ao pé do Posto 8, em Ipanema, porque não tenho tempo (como não tive na semana anterior) para rumar ao Arpoador e ao quase paraíso dos meus sonhos, a Praia do Diabo.
Agora é ladeira abaixo para a festa anual em que as antigas musas cantam e um valor mais puro e alto, a alegria, se alevanta. O que diria Camões do carnaval?
Só que não é tão fácil assim se desligar dos acontecimentos, despir o (ul)traje completo e vestir a fantasia. No meu caso, o colete da pista e a “armadura” do equipamento fotográfico que uso na Sapucaí.
Até daqui a pouco edição diária do blog Tribuna de Uruguaiana. Fred Marcovici está na área e cuida de tudo enquanto vou ali buscar novas imagens e ângulos carnavalescos. Fique com suas coleções já publicadas e à venda, Studio @delcueto, da colab55. Voltarei cheia de novas inspirações criativas. Getty Image, segura as pontas. Depois compenso com uma viagem cheia de cores aos pagos gaúchos, na Fronteira Oeste do Rio Grande.
Enfim, parem o mundo que já é carnaval e “mal e má” consegui cumprir o cronograma de edição das fotos dos ensaios técnicos. A série foi prejudicada pela virose pauleira que atacou minha bronquite. Combatida com antibióticos, algumas ervas, pouca alopatia e muita homeopatia ela baixou no dia de São Sebastião e só me largou no início de fevereiro. Tipo apagão.
Não vou dizer que me quebrou para o projeto de 2017. Sou bambu que verga, mas é só. Tive que correr atrás do prejuízo. Primeira providência: readquirir o ritmo da edição das fotos. Não é fácil. Exige concentração e paciência. Depois, um esforço para me conscientizar e ser mais comedida nas idas e vindas da pista de desfile durante os ensaios técnicos. Esse ano foi punk. Lotação total e muita gente na passarela. E olha que a virose me impediu de ir no domingo do ensaio técnico da Grande Rio, com direito a trio elétrico e pipoca lotando e pulando em todo o sambódromo.
Durante os ensaios técnicos, precisei (e ainda preciso) ter ciência que não dá pra voar da concentração até a dispersão com um pit stop subindo a torre de TV. Depois de estabelecer um roteiro bem completo e, por isso, bem pesado nos últimos carnavais todos nós, fotógrafos, teremos que sair da zona de conforto(?).
Das quatro cabines de jurados distribuídas pela extensão da pista as duas do meio passaram, pelo novo regulamento da Liesa – Liga das Escolas de Samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro, a serem vizinhas de camarote. A cabine do setor 8 foi deslocada. Agora é colada com a do setor 6 criando um supermódulo com dois julgadores de cada quesito grudadinhos. Haverá um ponto de apresentação para os jurados a menos para quesitos que pontuam como comissão de frente e mestre-sala e porta-bandeira.
Diminuíram o tempo máximo de desfile das agremiações para caber na grade da TV. Antes, eram 82. Agora, são 75 minutos. Também foi reduzido o número de carros alegóricos de 7 para 6, podendo um ser acoplado. Em tempos de crise as escolas agradecem…
Resultado? No meu caso menos tempo para registrar as escolas e a necessidade de um novo “traçado” na pista.
Ainda falta um fator para definir as mudanças de 2017. Descobrir como será a iluminação da pista. Ano passado havia várias temperaturas de cor, o que foi um perrengue para o balanceamento dos equipamentos de quem, como eu, percorria a pista inteira.
Mas essa informação só no domingo. É o ensaio técnico da campeã de 2016, a Mangueira. O teste de luz e som para o desfile das Escolas de Samba do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro. Só com a ajuda do santo para segurar a batida desse carnaval…
**Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “É Carnaval”, do SEM FIM… delcueto.wordpress.com