Cidades

Centro de Abastecimento faz 1 ano nesta quarta e amarga crise

(Fotos: Andrea Lobo/ Ahmad Jarrah)

Na Central de Abastecimento de Cuiabá (CAC) todo dia é dia de feira. Mensalmente quatro mil pessoas passam pelo local que atende desde o pequeno até o grande empresário. Nesta quarta-feira (8), a central completa um ano e as comemorações estão divididas. De um lado a tão falada crise, que acarretou na diminuição do movimento e das vendas. Do outro lado, os que comemoram as melhores condições de trabalho.

Desde 2015, 170 pessoas deixaram a antiga sede, localizada no bairro Verdão em Cuiabá e se instalaram no novo endereço, no Distrito Industrial. O local impressiona quem visita pela primeira vez. Diferente do aspecto sujo e deprimente, a CAC agora é outra.

“A crise está atingindo todos os lugares”, a fala é do feirante Luiz Rodrigues do Nascimento, que trabalha há 23 anos e ao fazer um panorama das vendas foi categórico.  “O movimento está mais fraco por causa da crise né? Quando nós começamos aqui, os três primeiros meses foram bom, daí pra cá foi caindo cada dia mais”.

Daniel Rodrigues, que sempre trabalhou na roça, é feirante há 15 anos. “Antigamente eu produzia e vendia, mas hoje só revendo as mercadorias.” As bananas, laranjas, abacaxis e os mamões enchem os olhos da clientela, porém os preços assustam. Seu Daniel explicou que o preço alto esta igual ao de outros estados. “Aqui [Mato Grosso] é um Estado que depende de 80% da mercadoria vinda de fora ai o produto fica mais caro”.

Estrutura da CAC

Limpeza e a organização atraíram os clientes nos três primeiros meses. Agora, nove meses depois o movimento é outro. Devido a distância, a maioria dos compradores são pessoas que possuem o próprio veículo. O movimento poderia ser maior, porém como o único ponto de ônibus fica a 300 metros, as pessoas que costumam comprar em pequena quantidade acabam desistindo da viagem.

A presidente da Associação dos Permissionários Atacadistas de Cuiabá (APETAC), Jânia Ramos, explica que isso contribuiu e muito para que as vendas caíssem. “Falta algo muito importante aqui, que é os ônibus, pois sem transporte até a CAC, nós perdemos vendas. Antes quando era lá no Verdão o movimento era maior, pois tinha muita gente que ia até lá com suas sacolas para comprar do feirante. Hoje quem vem aqui é só quem tem carro”.

Jânia contou que pedidos já foram encaminhados para a Secretaria de Mobilidade Urbana, solicitando uma linha de ônibus até a Central. “Depende somente do Secretário de Mobilidade Urbana. Nós já protocolamos vários ofícios fazendo essa solicitação, mas até agora nada”.

Falta ainda uma rotatória e uma faixa de pedestres para que os moradores dos bairros próximos ao local possam atravessar com segurança. Acidentes, segundo os feirantes, são frequentes por ali. No último acidente, um carro chegou adentrar o pátio do CAC. Como o estabelecimento estava sem movimento, não causou estragos maiores.

Quando foi entregue em 2015, a CAC ainda precisava de algumas obras para ser concluída. Segundo a presidente, ainda é preciso fazer alguns ajustes para que então possam comemorar a nova mudança.

“No começo nós só tínhamos esse pavilhão A e ai nós entramos e fizemos o pavilhão B. Construímos banheiro com tratamento de esgoto. Tudo saiu do bolso do permissionário e temos muito orgulho disso”, conta Jânia. O pavilhão B custou R$ 6 milhões. 

Relação com o Poder Executivo

Os permissionários e a Prefeitura de Cuiabá travaram um verdadeiro cabo de guerra antes da mudança. Posteriormente a inauguração, segundo a presidente da APETAC, a prefeitura garantiu que em seis meses asfaltaria o restante do terreno, mas passado um ano o asfalto ainda não chegou. “Nada é fácil para se trazer. Tudo caminha lentamente”, contou Jânia.

Hoje, Jânia diz que os permissionários contam apenas com o apoio da Secretaria de Cidades para conseguir novos investimentos por parte do poder executivo.

Uma reclamação do feirante Joarez Marques chama a atenção. Segundo ele, a fiscalização do local que deveria ser feita pela prefeitura não acontece há muito tempo. “Não tem nenhum funcionário aqui para fiscalizar os caminhões que entram no pavilhão. Quando falamos alguma coisa para os caminhoneiros ou até mesmo para os feirantes, eles não ligam, pois não há fiscalização. Ai você fecha a porta e espera o caminhão sair”, lamenta o feirante.

Joarez reclama também da falta de sinalização. “Falta colocar faixas por aqui. Demarcando estacionamento, sabe? Olha o tamanho desse lugar e não tem nem sinalização”.

Ele, que trabalha com vendas de frutas e verduras há quatro anos, não está satisfeito com o local. “O movimento está fraco. Desanimou total. Antes eu e minha esposa trabalhávamos com mais dois funcionários, hoje só eu venho. Aos domingos eu vou parar de abrir, pois não tem movimento pra mim”. 

Catia Alves

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