Apesar dos elogios apontados pelos líderes sindicais, a estimativa da Política Militar contabilizou cerca de 7 mil pessoas na Paulista, enquanto as centrais falam em 20 mil manifestantes. Além disso, os sindicatos acreditam que muitas pessoas aderiram à manifestação simplesmente por não terem ido trabalhar, o que, segundo eles, pode passar de 1 milhão de adeptos.
"Foi uma paralisação histórica. Achamos que foi um sucesso porque houve paralisações onde nem imaginávamos. Além disso, foi importante para divulgar uma pauta histórica dos trabalhadores. Tivemos paralisações em todas as capitais do Brasil, nas principais cidades e isso mostra a importância do movimento sindical", comemorou Paulinho da Força.
O sindicalista disse que na pauta das manifestações houve o acréscimo de uma reivindicação. Além da redução da jornada de trabalho sem diminuição salarial, fim do fator previdenciário, política salarial para aposentados, 10% do PIB para educação e 10% para saúde, fim da terceirização, investimento na reforma agrária e o fim dos leilões do petróleo, as centrais querem a igualdade salarial de mulheres e homens na mesma função.
Segundo Paulinho, o prazo para que o governo retome as negociações e aceite as reivindicações já foi dado. "Ganhamos condição de dizer isso ao governo. Se não chamar para negociar ou não cumprir, vamos marcar para o dia 30 de agosto o Dia Nacional de Paralisações, que pode se transformar em uma greve geral", afirmou.
Porém, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, afirmou que o objetivo das centrais não é a greve, mas sim entrar em um acordo com o governo. "Espero que não precisemos fazer greve dia 30. Vamos partir da perspectiva de que vamos negociar. Esperamos que façam-se as propostas para que isso não aconteça. As centrais sindicais não fazem greve por greve. As pessoas acham que gostamos disso, mas a greve é o último instrumento, mas colocamos ela no horizonte para mostrar que ela poderá acontecer", explicou o sindicalista.
Quando questionado sobre uma baixa adesão dos trabalhadores na avenida Paulista ontem, Vagner não concordou e disse que as manifestações dos trabalhadores não podem ser comparadas às que aconteceram no mês de junho, que chegaram a levar 100 mil pessoas às ruas da capital paulista.
"O protesto de junho é muito diferente. Se você fala que vai paralisar a fábrica do empresário, ele não concorda, porque são os trabalhadores contra o patrão, e não contra o governo, então é óbvio que tem mais dificuldade de fazer", disse.
Interdito proibitório
De acordo com Vagner Freitas, as centrais sindicais receberam mais de R$ 1 milhão em multas por conta do chamado interdito proibitório, que obriga o manifestante e os sindicatos a protestarem apenas a 200 metros da fábrica onde trabalham.
"Vamos marcar com o presidente do TST, para acertar uma audiência com ele no sentido de que o interdito não pode suplantar a lei de greve. Isso era usado no conflito agrário, mas estão impedindo o sindicato de falar com o trabalhador e de o trabalhador se manifestar. São coisas absurdas. Isso viola a lei de greve", afirmou.
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