O ex-chefe da Casa Militar, o coronel Lesco, e sua esposa Helen Christy foram presos em mais uma fase do inquérito que apura a operação de escutas clandestinas em Mato Grosso no dia 27 de setembro. A mulher chegou a ser levada para o Complexo Miranda Reis, no bairro Bandeirantes. No entando acabou sendo encaminhada para o Fórum de Cuiabá onde deve passar pela audiência de custódia junto com o marido.
Lesco, que já havia sido preso anteriormente e cumpria prisão domiciliar, teria comprado à vista dois equipamentos que podem ser usados para interceptações telefônicas em maio de 2015, no valor de R$ 24 mil. A compra foi feita no nome dele, mas da nota fiscal consta o endereço da sede do Comando Geral da Polícia Militar, em Cuiabá, para a entrega do material.
A nota fiscal da compra feita no nome de Lesco está na documentação enviada à Procuradoria Geral da República (PGR), na denúncia realizada pelo ex-secretário de Estado de Segurança, o promotor de Justiça Mauro Zaque, na qual trata sobre suposta central de interceptações telefônicas em Mato Grosso.
Os aparelhos foram adquiridos quando ele era secretário-adjunto de Segurança Governamental da Casa Militar, cargo para o qual foi nomeado em fevereiro de 2015, como consta do Diário Oficial do Estado. Um dos equipamentos custou R$ 8,5 mil e pode ser usado para fazer escutas telefônicas. O outro, no valor de R$ 15,7 mil, pode ser utilizado para fazer gravações.
Sem comunicação
O casal foi liberto em novembro para responder o processo em liberdade. Ao autorizar a revogação da prisão do ex-chefe da Casa Militar, coronel Evandro Lesco, e de sua mulher, a personal trainer Helen Lesco, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Mauro Campbell Marques, que assumiu todos os processos relativos a Grampolândia em Mato Grosso, proibiu o militar de manter contato com a esposa. O casal foi preso por determinação do desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, sob suspeita de atrapalhar as investigações das escutas ilegais em Mato Grosso durante a Operação Esdras, da Polícia Civil, deflagrada no dia 27 de setembro.
No dia 31 de outubro, Evandro, Helen e outros cinco foram beneficiados com a determinação da soltura, entre eles os ex-secretários de Estado Paulo Taques (Casa Civil), coronel Airton Siqueira (Justiça), Rogers Jarbas (Segurança) e o major Michel Ferronato. Contudo, todos devem cumprir medidas cautelares.
De acordo com a decisão do ministro, os investigados deverão comparecer quinzenal na 9ª Vara Federal de Cuiabá para informar e justificar suas atividades. Ele também proibiu a todos de manter contato com os investigados, entrar nas dependências relacionadas ao Governo do Estado e da Polícia Militar e de se relacionar com qualquer servidores dessas unidades.
Todos também ficaram proibidos de sair da cidade sem aviso prévio e entregar o passaporte. Eles deverão ficar recolhidos em casa no período noturno e de folga. O ministro manteve o afastamento dos investigados que prestavam serviço público.
Na revogação da prisão do coronel Lesco, Campbell destacou na medida cautelar a proibição de manter contato com a esposa, por também ser investigada no caso.
“Proibição de manter qualquer contato com os investigados, ainda que de forma indireta, inclusive da esposa Helen Lesco, e de ingressar nas dependências da Casa Civil, Casa Militar, Controladoria-Geral do Estado, Gabinete de Comunicação, Gabinete de Desenvolvimento Regional, Gabinete de Estado de Assuntos Estratégicos, Gabinete de Governo, Gabinete de Transparência e Combate à Corrupção, e Governadoria, assim como Procuradoria-Geral do Estado, Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos, Secretaria de Estado de Segurança Pública, Vice-Governadoria, Polícia Militar e estruturas do Comando Geral da Polícia Militar, assim como da Polícia Civil, assim como de manter contato com qualquer servidores destas unidades”, diz trecho da determinação.