O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Atlanta, Raphael Bostic, destacou a necessidade de cautela e humildade na condução da política monetária dos Estados Unidos, diante de um cenário econômico marcado por incertezas. Bostic afirmou que, embora a economia americana esteja forte e a política monetária em um “bom lugar”, os riscos persistem, especialmente em relação à inflação, que continua acima da meta de 2% estabelecida pela instituição.
“A inflação caiu significativamente, de mais de 7% em meados de 2022 para menos de 3%, mas ainda está acima do nosso objetivo”, disse Bostic, ressaltando que o maior risco para o mandato do Fed ainda vem da inflação.
Bostic também comentou sobre o mercado de trabalho, que, embora esteja mostrando sinais de desaceleração, permanece sólido.
Ele destacou que é mais difícil para os desempregados encontrarem emprego hoje do que no verão passado, e que a probabilidade de encontrar um novo trabalho está abaixo dos níveis pré-pandemia.
“O mercado de trabalho está amplamente estável, mas estamos monitorando vulnerabilidades potenciais”, afirmou Bostic.
Ele enfatizou que o objetivo do Fed é alcançar a meta de inflação de 2% sem causar danos ao mercado de trabalho, que tem sido um pilar importante para a economia norte-americana.
“De modo geral, acho que a inflação nos próximos meses continuará um curso irregular em direção ao objetivo de 2% do Comitê”, disse Bostic.
Ele também descartou a possibilidade de um novo “surto inflacionário”, afirmando que não há sinais de um aumento iminente na atividade econômica que possa gerar pressões inflacionárias.
O presidente do Fed de Atlanta também alertou que este não é o momento para complacência. “A política monetária está em um bom lugar, mas, por várias razões, este não é o momento para relaxar”, disse ele, destacando que o caminho da política monetária será guiado pelos dados econômicos que surgirem nos próximos meses.
Apreensão generalizada nas empresas sobre novas políticas
Raphael Bostic mencionou ainda que líderes empresariais estão preocupados com possíveis aumentos de tarifas e mudanças nas políticas comerciais e de imigração. Segundo ele, muitos empresários acreditam que poderiam repassar os custos mais altos aos consumidores, caso as tarifas aumentem. No entanto, há uma apreensão generalizada sobre o impacto dessas mudanças, especialmente em setores como construção civil e hospitalidade, que dependem fortemente da mão de obra imigrante.
Apesar das preocupações, Bostic observou que há um certo entusiasmo entre as empresas em relação a possíveis mudanças nas políticas regulatórias.
“Temos ouvido entusiasmo, particularmente dos bancos, sobre possíveis mudanças nas políticas fiscais e regulatórias”, afirmou o membro do Fed.
No entanto, ele ressaltou que a incerteza é generalizada e que as empresas estão se preparando para um cenário volátil.
