Opinião

CATARINA PARAGUAÇU DO BRASIL

Domingo foi festejado o Dia Internacional da Mulher. Em 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos em Nova Yorque entraram em greve. Por reivindicarem melhores condições de vida e de trabalho, especialmente pela redução da jornada de trabalho de 16 para 10 horas e equiparação salarial com os homens, morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano. Desde 1975, por um decreto da Organização das Nações Unidas, a data é comemorada em diversas partes do planeta, a exaltar a mulher: “mãe”, “dona de casa”, “trabalhadora” e “empresária”, se levado em consideração o discurso de Dilma Rousseff chamando a todas de “minhas queridas brasileiras”, “minhas amigas” e “minhas iguais”. Entre as “queridas brasileiras” estão as indígenas que, ao longo da história, sofrem com as agruras do contato com a sociedade não índia. De acordo com dados da ONU, são elas mais vulneráveis à violência do que as mulheres não índias, fato historicamente iniciado no Brasil Colonial.

Desse período, escapando do quadro de violência, destaca-se Catarina Álvares Paraguaçu (1495-1583), uma indígena Tupinambá da Bahia que se casou com o português Diogo Álvares, o Caramuru, muito respeitado pelo povo Tupinambá. Na historiografia brasileira, o casal é considerado a primeira família cristã do Brasil e a primeira família documentada. Especialmente na Bahia, Catarina é concebida a mãe biológica de grande parte da nação brasileira. Isso quer dizer que a Tupinambá não vive trancafiada em seu tempo. É figura de destaque durante as comemorações do Dia 2 de Julho, quando anualmente a Bahia comemora a guerra pela Independência de 1823, ainda que D. Pedro I a tenha proclamado no ano anterior. Isso porque Portugal se recusou a ceder à próspera província baiana, quando não índios, índios e negros, a fim de garantir a independência da província, enfrentaram tropas portuguesas.

No 2 de Julho, “data máxima da Bahia”, é Catarina Paraguaçu quem está à frente do cortejo. Personagem que representa a libertação do povo brasileiro pelo desejo popular, permanece viva na memória da Bahia.

 

Anna Maria Ribeiro Costa

About Author

Anna é doutora em História, etnógrafa e filatelista e semanalmente escreve a coluna Terra Brasilis no Circuito Mato Grosso.

Você também pode se interessar

Opinião

Dos Pampas ao Chaco

E, assim, retorno  à querência, campeando recuerdos como diz amúsica da Califórnia da Canção Nativa do Rio Grande do Sul.
Opinião

Um caminho para o sucesso

Os ambientes de trabalho estão cheios de “puxa-sacos”, que acreditam que quem nos promove na carreira é o dono do