Enquanto o retrato falado de um suspeito de cometer ao menos três estupros, na região do CPA em Cuiabá (MT), é divulgado, moradores do bairro Nova Canaã sofrem com o temor e a insegurança. Nesta manhã de quarta-feira (09), a Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica) atualizou o retrato falado do agressor.
Segundo as informações coletadas pela polícia, o suspeito age nas proximidades das escolas e com conversas aleatórias. O último caso registrado, no dia 3 de outubro, foi de uma menina de 10 anos que aguardava o ônibus, no Nova Canaã, quando ia para a escola.
O aposentado de 50 anos, Ernando Oliveira, conta casos que ouviu falar de um estupro no bairro em que a família até se mudou e se diz indignado com a falta de segurança. “É muito difícil ver polícia no bairro. Eu fico indignado com essa situação onde o poder público não faz nada e a gente também não sabe o que fazer. O bairro é completamente deserto e não é a primeira vez que isso acontece”, declara Ernando.
Ele relata que tem uma neta de 13 anos e, que às vezes quando os pais não podem pegar a adolescente na escola, ele se dispõe a buscar e deixá-la em casa. “A gente tenta ajudar como pode, né, pra evitar qualquer tipo de situação. Teve um caso de uma família que se mudou, Por conta de um caso de estupro mulher. Isso acaba com a vida de qualquer pessoa”, lamentou o aposentado.
Joacira Santos, de 29 anos de idade, que preferiu não ter a imagem revelada, relata que tem duas filhas, uma de 7 e outra de 2 anos de idade. “Sempre o pai leva e busca na escola, nós não deixamos ficar na rua e sempre a oriento para não falar com estranhos”, descreve as ações que faz para assegurar a segurança da filha que já estuda.
A cabelereira Laiana Pereira Nunes Alt, de 31 anos, relata que por pouco não foi vítima de uma tragédia. "Certa vez um homem veio pedir informação aqui em casa e eu fui grossa com ele. Mandei minha filha pra morar com a minha mãe, desde essa vez ela tem medo e não gosta de vir pra cá”, veja a declaração de Laiana no vídeo.
Além disso, a cabelereira fala que os motorista de ônibus não colaboram com as mulheres que às vezes não estão no ponto a hora que está passando e deixam elas expostas à violência. “Tem vez que tem gente que está correndo atrás do ônibus e o motorista deixam elas pra trás, correndo o risco de ser roubada e até mesmo estuprada”, explica.
Outra senhora de 55 anos, Maria do Carmo Almeida também relata o perigo que o bairro vive por conta da falta de policiamento. “Direto tem uns rapazes que ficam na beira da rua fumando “sei lá o que”, escondem quando a polícia passa. Os policiais não faz nem questão de descer e ver o que tão fazendo”, diz a dona de casa.
Ela também relatou que cuida dos netos para os filhos. “Sempre eu levo e busco na escola. Hoje as coisas estão muito perigosas por causa de estupro, sumiço, colegas que batem e judiam, então não deixo de jeito nenhum irem sozinhos pra escola”, declara.
Suspeito preso
Na tarde desta quarta-feira (8), a Polícia Militar prendeu um homem com as mesmas características do retrato falado divulgado, que foi reconhecido por uma das vítimas, uma menina de 10 anos de idade. O suspeito foi preso no bairro Shangri-lá e detido após ser constatado uma prisão preventiva em aberto, por roubo.