A defensora Silvia Maria Ferreira, da Coordenadoria de Ações Comunitárias da Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso (DP-MT), assinala o desrespeito a que estão submetidas as pessoas mais velhas. Nos 11 anos em que vem atuando na defesa dos direitos dos idosos (uma das atribuições do órgão público), Silvia afirma que os maus-tratos começam geralmente na família, mas que se estendem também a algumas pessoas na sociedade, dizendo este ser um problema cultural.
“Existe uma falta de conscientização generalizada com o idoso. A sociedade e a família deveriam elevar o idoso a um patamar superior devido a sua experiência e histórico. É uma cultura social que deve ser mudada”.
De acordo com o mesmo estudo da ONU, há uma tendência de feminilização dos idosos. Em 2020, no Brasil, 11,1% da população com mais de 60 anos será composta por homens, ao passo que essa proporção ficará em 14% para as mulheres. Somados, ambos os gêneros contarão com mais de 26 milhões de pessoas. Se compararmos com aqueles que atingirão 80 anos ou mais em 2020, a predominância é ainda maior das mulheres frente aos homens: enquanto elas serão 66%, eles apenas 33%.
Esse pode ser outro fator preocupante, tendo em vista que além do preconceito contra pessoas mais velhas, as mulheres ainda lutam contra com o machismo.
Entre os caminhos que podem ajudar no combate à cultura hostil com os idosos, Silvia destaca que as denúncias e as ações judiciais são ferramentas que devem auxiliar nessa luta pela dignidade.
“O respaldo legal existe, nós precisamos da efetivação dessa lei. Precisamos que ela seja efetivada pela sociedade. Uma ação punitiva acaba sendo também preventiva. A sociedade precisa denunciar”.