Cidades

Casaquistão: aldeões sofrem de misteriosa doença do sono

Moradores da aldeia de Kalachi, no Casaquistão, sofrem há quatro anos de uma misteriosa doença que os coloca em sono profundo por até seis dias consecutivos, de acordo com reportagem exclusiva do Daily Mail.

Jornalistas descobriram que a doença afetou pelo menos 160 pessoas – um quarto da população – desde 2011. Os efeitos colaterais do sono profundo incluem dor de cabeça, perda de memória, aumento do apetite sexual, incontinência urinária e alucinações.

Mulheres que vivem na vila, situada a 402 quilômetros da fronteira com a Rússia, contaram à reportagem do Daily Mail que quando seus maridos acordaram do "coma", ficaram insaciáveis por até um mês. Envergonhados, os homens de Kalachi recusam-se a falar sobre esse aspecto da doença.

Outros adultos, vítimas da inexplicável patologia, tiveram experiências diferentes. Uma delas foi vivida por um homem, cuja identidade não foi revelada, que acordou subitamente do "coma" fazendo saudações nazistas aos médicos. Outra vítima, de 60 anos, passou a agir como um galo, imediatamente após o despertar, cantando e agitando os braços.

As crianças são afetadas de diversas maneiras. A maioria delas costuma acordar em meio a delír

ios, contando como viram monstros e um terceiro olho no rosto de suas mães. Uma mulher contou à reportagem que seu filho, ao acordar assustado, lhe revelou que podia ver uma tromba de elefante em sua cabeça. Misha Plyukin, 13 anos, teve alucinações semelhantes. Ela contou aos médicos que, quando despertou, tinha lâmpadas e cavalos voando ao seu redor.

Muitas crianças costumam acordar aos prantos, sem motivo aparente. "É muito assustador ver seu filho em estado de coma. Quando eles levantam, eles agem como bebês doentes. Meu filho, por exemplo, queria desesperadamente levantar depois que despertou, mas não conseguia porque suas pernas estavam muito fracas. Foi então que ele começou a chorar desesperadamente", contou Lyubov Rabchevskaya, mãe de um menino de 10 anos.

Assim como muitos outros habitantes, ela tomou uma decisão: não ficará mais em Kalachi. "Reportagens dizem que a saúde das pessoas que despertam do sono não é comprometida, mas não é verdade. Meu filho era cheio de energia, mas desde que despertou não é ativo como antes, precisa descansar o tempo todo".

Ao que tudo indica, Kalachi deverá ter o mesmo futuro que a cidade Krasnogorsk, que produzia, no passado, minério de urânio para programas de armas nucleares soviéticas. Krasnogorsk tinha uma população formada por seis mil habitantes, mas hoje, abriga apenas algumas centenas de pessoas que não foram cometidas pela epidemia do sono. Acredita-se que o radônio, radiativo, proveniente das antigas minas de urânio, localizadas a seis quilômetros de distância, esteja por trás desse grande mistério. Ainda assim, muitos são céticos em relação a essa teoria.

Alexander Remezov, 70 anos, é um ex-funcionário das minas de urânio durante a era soviética e duvida que o urânio seja o responsável pela doença."Trabalhei lá por anos e havia até mesmo mineiros que bebiam água das minas. Eles nunca entraram em sono profundo. Não pode ser o urânio".

Alguns aldeões temem estar sendo pressionados a deixar o local. O Estado lidera hoje um plano de evacuação da região, que prevê uma ajuda de custo e a realocação dessas pessoas. Cerca de 52 habitantes já deixaram a aldeia, e outras dezenas devem fazer o mesmo nos próximos dias.

"Estamos pensando que alguém está nos envenenando deliberadamente para nos forçar a ir embora. Alguns dizem que foi descoberta uma mina de ouro nas proximidades e que até mesmo uma estrada já foi construída perto da colina", conta Lyubov. "As pessoas que mais apresentaram resistência à mudança, caíram, coincidentemente, em sono profundo", completa

O fato de os efeitos colaterais apresentados recentemente serem semelhantes ao efeitos obtidos pela ingestão de álcool também levantam suspeitas sobre a suposta culpa da indústria de mineração de urânio. Entretanto, não há evidência de que os doentes tenham sido envenenados, como muitos aldeões suspeitam, de acordo com o principal médico da região, Kabdrashit Almagambetov.

Cientistas do Centro Nacional de Pesquisa Nuclear do Cazaquistão, que estão coletando amostras de solo, água e gás, e monitorando a radiação, também estão descrentes com relação ao envenenamento proposital. De acordo com as pesquisas realizadas, o urânio também não é o grande vilão. No ano passado, pesquisadores passaram por todas as casas da vila, analisando a radiação e fazendo um censo das pessoas que adormeceram. Algumas casas com valores mais elevados de radônio não foram atingidas pela epidemia. Outras, com níveis mais baixos, foram afetadas, o que mostra que, apesar de todos estes testes, os cientistas estão londe de encontrar uma resposta para esse mistério.

Fonte: Terra

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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