Um amigo meu tem uma mulher mandona e autoritária. Ela o obriga a lavar roupa, limpar a casa e cozinhar quando a empregada não vem. Outro dia – ele me contou – a empregada teve um problema e a mulher ligou para o serviço dele pedindo que saísse mais cedo para fazer o almoço, antes de pegar as crianças na escola. Ele retrucou que não podia, pois o chefe atual era chato, coisa e tal.
— Você não é homem pra enfrentar seu chefe? Aí no serviço público ninguém trabalhava mesmo não faz falta alguém sair mais cedo. Disse ela, quer que eu ligue pra ele?
— Pelo amor de Deus, claro que não, o chefe não é mais aquele cara do PT que aliviava a barra pra gente.
Mas ela não se convenceu. O jeito foi enfrentar o chefe.
Eu não aguentaria uma coisa dessas. Se fosse comigo faria uma comida tão ruim que ela nem conseguiria comer. Porque eu não tolero desaforo. Não sou que nem esses homens panacas que obedecem cegamente à mulher. Eu contesto, argumento, retruco, não recebo ordens assim sem mais nem menos.
Minha mulher sempre me ajudou a cuidar das crianças. Nunca me obrigou a cozinhar, limpar a casa, lavar roupa…. Faço isto porque gosto e ela sempre valoriza esse meu lado cooperador quando discutimos a relação. Eu adoro uma DR.
Pensa que ela vai me mandando assim varrer a casa e lavar a louça? Para cada coisa tem que haver uma explicação, isso eu exijo. Mesmo porque é uma característica de minha turma, que os sociólogos chamam de Geração Y ou millennial.
Domingo passado eu só fiz os serviços da casa porque ela tinha combinado com as amigas ir à inauguração de uma nova casa de Cerveja Artesanal. Mas não me esqueceu. De lá mandou um Whatsapp muito divertido e chegou em casa muito alegre.
Nós dividimos racionalmente o serviço lá em casa. Durante a semana a empregada cozinha e limpa a casa e eu levo e busco as crianças na escola e a cachorrinha uma vez por semana no pet shop. Sábado é meu dia de cuidar da casa e domingo o dela. Só que domingo ela está tão cansada que a gente come fora e eu limpo a casa. Numa boa, porque sei que ela adora a casa bem limpinha.
Sábado passado eu queria tomar um cervejinha com os amigos, mas ela não deixou. Não deixou é forma de dizer, claro: argumentou que já tinha marcado uma saída com as amigas, mas não era por isso, podia muito bem desmarcar. Sua preocupação era com minha saúde. Três anos atrás eu fui ao boteco e a cerveja não me caíu muito bem e ela sempre se lembra disso quando eu quero sair porque se preocupa muito comigo.
Agradeço aos céus por ainda existirem mulheres assim. Deus me livre de conviver com esposas mandonas, autoritárias e opressoras. É reconfortante saber que algumas ainda admitem dividir pelo menos parte do trabalho doméstico conosco, aliviando nossa dupla jornada. Eu concordo inteiramente com o ditado: “Atrás de toda mulher de sucesso existe um grande homem.”.
Renato de Paiva Pereira – empresário e escritor