Martins e Ieda trocaram gritos durante o bate-boca. Do lado de fora da delegacia, não foi possível ouvir o conteúdo da discussão. Entretanto, foi possível perceber que o publicitário fez referência a uma arma.
Em entrevista ao Fantástico, Ieada Martins afirmou que foi enganada pelo publicitário e que vai se divorciar. Ela é acusada também de matar seu primeiro marido, em 2005, no Rio de Janeiro. A advogada alega que desconhecia o silenciador e o cano da pistola achados em um armário do marido, apontados como provas definitivas contra ela.
Pelo crime cometido em São Paulo neste ano, o casal é agora formalmente apontado como suspeito no inquérito que apura a morte do zelador Jezi de Souza, ocorrida em 30 de maio.
Souza foi morto no apartamento do casal e teve o corpo esquartejado. Membros foram queimados pelo publicitário em uma casa no litoral de São Paulo, onde ele foi preso.
O casal foi indiciado por homicídio e ocultação de cadáver. O advogado Marcelo Primo Múcio, que defende o casal, diz que não há provas concretas do envolvimento de Ieda Cristina Martins no crime.
"São depoimentos de testemunhas, não tem prova concreta como o laudo que mostra que não havia sangue nas botas da Ieda e nem no carro", argumentou.
Para Múcio, o indiciamento mostra apenas a tendência do delegado. "É o convencimento do delegado sobre os índicios. Em relação à prova pericial, foi comprovado que ela não participou nem do homicídio, muito menos da ocultação", disse o defensor do casal. "O fato do indiciamento não quer dizer culpa e nem condenação", completou.
De acordo com o delegado Egidio Cobo, responsável pelo caso, a dupla não disse nada enquanto esteve na delegacia. "Eles ficaram em silêncio durante o depoimento, apenas assinaram o que mostra que concordam com tudo que já haviam dito", disse o delegado.
Prisão preventiva e laudos
A Polícia Civil irá agora solicitar à Justiça a prisão preventiva do casal. Atualmente, eles estão em prisão temporária. "O inquérito será finalizado até o fim da semana, quando vence o prazo de 60 dias, já que a data foi prorrogada em 30 dias", disse a delegada Silvia Fagundes, do 13º DP (Casa Verde).
A polícia divulgou na segunda-feira (14) o resultado de um laudo do Instituto de Criminalística (IC) feito no apartamento de Eduardo e Ieda, em São Paulo. O exame concluiu que o material encontrado nas botas da advogada não é sangue da vítima. Mas, segundo a investigação, outros indícios comprovam a participação da advogada no crime. Um deles indícios é a presença de Ieda no apartamento, enquanto o corpo do zelador estava lá.
O laudo mostra que os vestígios de sangue encontrados na fechadura da porta de entrada do apartamento do casal e de uma parede do prédio são do zelador. No entanto, o exame não identifica presença de sangue humano no carro do casal, nem na bota da advogada.
A delegada Silvia Fagundes solicitou uma nova perícia nas botas da Ieda, tapetes do carro e borracha de vedação veicular para saber se os objetos foram lavados.
Cronologia do crime
Jezi de Souza foi visto pela última vez às 15h35 do último dia 30 de maio. Imagens feitas pela câmera de segurança do elevador mostram quando ele foi fazer uma entrega no apartamento do casal. Às 16h21, Ieda chega ao prédio e vai para o apartamento e só sai de lá 14 minutos depois.
Segundo a polícia, o corpo do zelador foi esquartejado, colocado em malas e levado pelo marido de Ieda para a casa da família em Praia Grande, litoral paulista.
Ieda Martins disse em entrevista exclusiva ao Fantástico que é inocente. “Eu sou inocente, eu sou inocente. Mas provar a minha verdade eu não sei se eu vou conseguir”, disse.
A advogada disse que o marido e o zelador “brigavam muito”. “Mas, assim, eu jamais podia imaginar que ele fosse matar o zelador”, afirmou. A polícia, porém, acredita que Ieda voltou ao apartamento no meio da tarde, depois de um telefonema de Eduardo, para ajudar o marido a esconder o corpo.
Assassinato no Rio
Ieda é investigada também pelo assassinato do primeiro marido dela, José Jair Farias, há nove anos. O que liga a mulher a este crime são as peças de uma arma, um cano de uma pistola e um silenciador, encontrados dentro de uma bolsa no armário do quarto do casal em São Paulo.
Jair foi morto com dois tiros dentro do carro, em 20 de dezembro de 2005, no Rio de Janeiro. Na semana passada, um exame de balística revelou que um dos projéteis que matou o empresário saiu do cano da pistola encontrado no apartamento de Ieda. Ieda diz desconhecer o silenciador e o cano da pistola.
G1