Os casais de comunidades ribeirinhas que tinham o sonho de oficializar a união tiveram uma forcinha na 10º edição do projeto Ribeirinho Cidadão por meio do casamento comunitário. Após passarem pelos trâmites do cartório, os noivos também tiveram a disposição vestidos e ternos, que fizeram toda a diferença em um cenário improvisado, mas o suficiente para quem tanto sonhava com o matrimônio.
As roupas foram cedidas pela primeira vez pelo Tribunal de Justiça e entre os dias 1º e 9 de fevereiro foram registrados 29 casamentos. A primeira a dizer sim, vestida de noiva, foi Wanderleia Paula Conceição da Silva de Oliveira, 27 anos. Ela e o agora o marido Josinei Miguel de Oliveira, 30, vivem na comunidade Sangradouro, em Santo Antônio de Leverger, estão juntos há 12 anos e têm três filhos.
“É uma mistura de nervosismo e ansiedade, porque eu pensei que ao chegarmos aqui apenas assinaríamos o papel e iriamos em embora. Ao sair de casa, meu marido ainda me questionou sobre vir de shorts e agora eu estou vestida de noiva”, relatou.
Do lado de fora e de terno, Josinei não escondeu a felicidade em realizar o sonho da mulher. “Era um desejo dela, no entanto, aos poucos foi se tornando o meu também. Foi muito bom vê-la feliz e realizada”, afirmou o marido, que trabalha como tratorista.
Gabriel da Silva de 7 anos, não é parente do casal, mas estava presente na cerimônia e demostrou a alegria de uma nova descoberta. “Vi uma noiva de verdade pela primeira vez aqui e chamei meus amiguinhos para ver também. Ela está linda”, observou o garoto.
“Chuva de arroz”
Na comunidade Córrego do Ouro, pertencente ao mesmo município, três, dos quatro casais que foram ao cartório, se renderam às vestimentas e celebraram este momento único em um altar, montado de forma simbólica pela equipe do projeto e, que contou com tapete vermelho, buquês de flor e “chuva de arroz” para abençoar os recém-casados.
“Sabia que um dia iria casar, mas não tinha ideia de quem seria a minha companheira ideal. Conheci minha esposa na região, moramos juntos há dois anos e estou contente graças a Deus”, ressaltou Deolindo Pereira Gonçalves, que se casou com Andreia Aparecida Nunes e Silva.
No penúltimo dia do Ribeirinho Cidadão realizado ainda na etapa terrestre, os jovens Raniel Ribeiro, 18, e Luziane Moura da Silva, também com 18 anos, fizeram questão de se deslocar até a Escola Estadual Santa Claudina, em Mimoso, para se casarem. “Somos evangélicos e estamos juntos há quatro anos, porém, sentíamos a necessidade de casar no papel e assim estar em comunhão com a igreja”, contou Luziane.
De acordo com o defensor público e juiz de paz ad hoc (expressão latina que significa “para esta finalidade”), Munir Arfox, durante o projeto os casais recebem orientações e dicas para que mantenham um relacionamento saudável e duradouro. “A maioria dos noivos que nos procuram, já convive na mesma casa. Eu sou a favor do casamento e acredito que pode sempre dar certo quando ambos aprendem a dividir seu tempo, seu espaço e também a ceder, sempre que necessário”, pontuou.
O projeto Ribeirinho é uma realização da Defensoria Pública, Tribunal de Justiça, Governo do Estado, Marinha do Brasil, Assembleia Legislativa e prefeituras. A programação segue até o dia 20 de fevereiro e passará por comunidades rurais que são berços do Pantanal Mato-grossense, como Barão de Melgaço e Poconé.