Cidades

Cartórios de MT registram mais de mil casamentos homoafetivos em 9 anos

A declaração do Papa Francisco de aprovação à união civil entre pessoas do mesmo sexo, que repercutiu em todo o mundo nesta quarta-feira (21), chama atenção a um direito que vem sendo exercido no Brasil desde 2011. Os cartórios em Mato Grosso já celebraram 1.069 uniões civis entre casais homoafetivos até setembro deste ano, promovendo a igualdade de oportunidades e a redução das desigualdades, por meio de legislação, políticas e ações igualitárias entre gêneros.

A posição do pontífice, revelada em documentário exibido no Festival de Cinema de Roma, destaca que "os homossexuais têm o direito de ter uma família. Eles são filhos de Deus", disse Francisco em uma de suas entrevistas para o filme. "O que precisamos ter é uma lei de união civil, pois dessa maneira eles estarão legalmente protegidos", completou.

No Brasil, em 2011, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar, ao julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4277 e a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 132. A partir da decisão, foram registradas 341 uniões deste tipo em Cartórios de Notas de Mato Grosso, de acordo com dados da Central Notarial de Serviços Eletrônicos Compartilhados (Censec).

Já em maio de 2013, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por meio da Resolução nº 175, regulamentou a habilitação, a celebração de casamento civil, e a conversão de união estável em casamento aos casais homoafetivos. A norma padronizou nacionalmente a celebração de matrimônios entre pessoas do mesmo sexo, uma vez que até então, cada Estado adotava um entendimento, cabendo a cada magistrado a decisão de autorizar ou não a celebração. Desde então, 728 casamentos foram realizados em Mato Grosso, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Portal da Transparência do Registro Civil.

Os números divulgados pelo IBGE mostram que os casamentos homoafetivos em Mato Grosso vem aumentando ano a ano desde sua regulamentação, com crescimento ainda mais considerável nos últimos anos. Enquanto em 2017 foram realizados 36 casamentos, em 2018 esse número foi para 46, um aumento percentual de 27,7%. Já em 2019, o número saltou para 419, com um aumento de 810%, em relação a 2018.

Segundo o presidente da Associação dos Notários e Registradores do Brasil de Mato Grosso, José de Arimatéia Barbosa, "Há quase 10 anos que os cartórios têm concretizado os direitos da população ao formalizar as uniões civis entre pessoas do mesmo sexo, de forma desburocratizada e célere, seguindo as regras jurídicas estabelecidas. Além das uniões civis, já é possível a alteração de nome e sexo diretamente em Cartórios, sem a necessidade de procedimento judicial".

Avanços Igualitários

Um avanço na igualdade jurídica entre pessoas do mesmo sexo implantada nos Cartórios de Registro Civil do País, com base no Provimento nº 73 do CNJ, autorizou a mudança de nome e de gênero de pessoas transexuais. Desde 28 de junho de 2018, com a entrada em vigor do regramento, foram realizadas 12 alterações de nome e gênero no Mato Grosso, até outubro de 2020. Os dados são Central Nacional de Informações do Registro Civil (CRC), base de dados dos cartórios que alimenta o Portal da Transparência. Os dados também mostram que no ano de 2019 foram feitas quatro alterações de nome e de gênero. Já em 2020, até o mês de setembro, foram oito mudanças de nome e de gênero.

Outro movimento de igualdade entre os gêneros no Brasil se deu em 2002, com a entrada em vigor do novo Código Civil, que permitiu que também o homem adote o sobrenome do cônjuge depois do casamento. Os dados mostram que, desde a mudança, até hoje, 777 homens optaram por adotar o sobrenome da mulher em Mato Grosso. No total de casamentos, 45,6% de mulheres adotaram o sobrenome do marido em 2018, 40,3% em 2019, e 39,1% em 2020. Já o número de homens que fizeram estabilizou em todos os anos, com 1,2%. Já o número dos que optaram por não adotar o sobrenome do cônjuge foi de 3,1% em 2018, 5,4% em 2019, e de 5,7% neste ano.

As evoluções para a redução das desigualdades e para a inclusão social no País, executadas pelos Cartórios brasileiros agora integram os chamados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU), um conjunto de ações conhecidas como Agenda 2030, que reúne 17 objetivos, desdobrados em 169 metas e 231 indicadores, compondo a Estratégia Nacional do Poder Judiciário à qual os Cartórios estão integrados por meio do Provimento nº 85 do CNJ.

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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