Aproveitando este alinhamento esplendoroso, que nos dá um fio de esperança, venho por intermédio desta carta, pedir-lhe socorro. Sim, Júpiter. Socorro. Não só para mim, especificamente. É que nesses últimos 400 anos, o homem ficou diferente.
Aqui na Terra só rola treta: nós, humanos, desumanizamos o planeta.
Não que isso seja novidade. A miséria sempre nos foi indiferente. Mas agora no Brasil, o consumo é mais importante que a vida da nossa gente.
Aumentamos a guerra, aumentamos a desigualdade, aumentamos as diferenças, aumentamos a poluição, tudo em nome dos meios de produção.
Hoje vale o que eu tenho, não o que eu sou. Hoje vale o que eu lucro, não o amor. Hoje temos mais fé no dinheiro, do que no Salvador.
Eliminamos as minorias, quem pensa diferente, eliminamos a arte, é tudo culpa da mídia, se é que você me entende.
Afundado em sua incompetência, como Hitler isolado no bunker, mandando seu povo morrer numa guerra perdida, onde morrem mães, avós, pais, filhos e tias, o povo sofre por ódio de um ignorante negacionista, um verdadeiro terrorista genocida.
Disparando seu ódio como uma metralhadora sofrida, ódio dos índios, dos gays, dos professores, das matas, dos cientistas, vai exterminando anos de conquistas.
Imagino, amigo Júpiter, se ele tivesse usado a máscara, quantas vidas ainda estariam nas suas casas. Se tivesse acreditado na vacina, teria poupado sofrimento de milhares de famílias.
A guerra está longe do fim, e o povo, perdido, cansado, desnorteado, ávido para honrar a sua religião do consumo, vai pra festa, vai viajar, vai pra restaurante. Faz tim-tim.
Socorro, Júpiter. Pra você e pra Saturno!
É um pedido meu e de todo mundo. Mande mais amor no coração desse presidente vagabundo.