Opinião

Carta para a Janja

Cara Primeira dama,

Não sei se você percebeu, mas o ex e agora futuro Presidente da República, tem produzido frases danosas para o mercado brasileiro nestes dias que posou de herói na COP27.

Talvez, como socióloga que é, portanto teoricamente desinteressada da realidade financeira do Brasil, não tenha se dado conta do tamanho das besteiras que o Lula tem dito e nem percebido a negativa repercussão delas aqui no País.

Não bastasse seu (dele, Lula) conhecido desprezo pela estabilidade fiscal – ou seja, não gastar mais do que arrecada – agora ele deu de alardear esse descompromisso como se fosse uma virtude, não um defeito que pode comprometer todo o futuro governo e ainda deixar sequelas como herança para outros mandatários.

Diga pra ele, Janja – pois parece que nesses dias de transição ele parece ouvi-la muito mais do que ao Pérsio Arida ou ao Henrique Meireles – para moderar um pouco as falas para não atrapalhar as coisas por aqui, coisas que já estão suficientemente pretas com ameaças de greve que podem parar a nação.

Dá a impressão que ele faz essas estripulias de caso pensado pois é inadmissível que alguém com tamanha experiência de vida e de política – ele já foi líder sindical, deputado federal, dirigente do PT e presidente de república por dois mandatos – não saiba que o “mercado” que ele puerilmente ironiza, funciona na base de declarações e expectativas em qualquer lugar do planeta.

São as tais “especulações” que ele tem por desastrosas, mas que são a arte de comprar e vender a termo produtos, ações, grãos, moedas etc, comuns em todo o mundo. Ao atribuir a pessoas “menos sérias” as transações especulativas o Presidente mostra tanta ingenuidade que a gente custa a crer que ela caiba na cabeça de um ancião forjado e escaldado nos meandros da política.

Além da possibilidade de fazer essas doideiras de caso pensado – o que seria um humor negro – e da ingenuidade quase impossível, restam-nos, cara futura Primeira Dama, mais duas possibilidades para avaliar suas falas: a primeira seria um certo vacilo cognitivo, risco a que estamos expostos – este articulista e o futuro presidente – diante de nossa (minha e dele) já provecta idade.

Neste caso não haveria muito a fazer, posto que esses estragos da idade quase sempre são irreversíveis, além de progressivos. Mas essa possibilidade é remota porque o pernambucano Lula sempre se gabou do seu inabalável vigor.

Mas existe uma outra hipótese, cuja possibilidade de evitar os danos ou ao menos mitigá-los (palavra que está na moda), estaria ao seu alcance, daí minha decisão de dirigir –lhe esta carta e não a ele.

É fato conhecido que o Presidente é chegado em uma “branquinha” – aqui carinhosamente chamada a nossa tradicional pinga – hábito que não condeno posto que também a aprecio, ainda que com a moderação que a idade recomenda.

A suposição é que ele estaria abusando da manguaça e que tal uso o estaria deixando mais loquaz e menos cuidadoso na escolha das palavras para os discursos e entrevistas. Neste ponto, Sra. Rosângela Lula da Silva surge sua chance de colaborar com o País. Que tal dosar sua a bebida ou, metaforicamente, esconder-lhe o curotinho de pinga?

Renato de Paiva Pereira – empresário e escritor

renato2p@terra.com.br

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Opinião

Dos Pampas ao Chaco

E, assim, retorno  à querência, campeando recuerdos como diz amúsica da Califórnia da Canção Nativa do Rio Grande do Sul.
Opinião

Um caminho para o sucesso

Os ambientes de trabalho estão cheios de “puxa-sacos”, que acreditam que quem nos promove na carreira é o dono do