Em comunicado publicado ontem nas redes sociais, o CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, afirmou que a varejista se compromete a não vender mais carnes provenientes de produtores do Mercosul, bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai – independentemente dos “preços e quantidades de carne” que esses países possam oferecer.
Assinada por Bompard, a carta é endereçada a Arnaud Rousseau, presidente da federação francesa que reúne os sindicatos dos operadores agrícolas, a FNSEA. Segundo ele, a decisão foi tomada após ouvir o “desânimo e a indignação” dos agricultores franceses, que protestam contra a proposta de acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul. Os atos, organizados pela FNSEA e pelos Jovens Agricultores (JA), começaram na última segunda-feira com bloqueios de rodovias.
Os grupos pedem que o presidente francês, Emmanuel Macron, anuncie que vai utilizar o veto da França se o projeto for aprovado. Macron é visto hoje como o principal adversário a um avanço nas negociações. Dentro do bloco, porém, a posição da França é alvo de críticas de países como Alemanha e Espanha, que pressionam por um acordo até o fim do ano.
No comunicado divulgado no X (antigo Twitter), Linkei e Instagram, Bompard afirmou que o acordo traria o “risco de a produção de carne que não cumpre com seus requisitos e padrões se espalhar pelo mercado francês”. Ele também destacou que espera que a decisão do Carrefour influencie outras empresas do setor agroalimentar, especialmente as do segmento de catering — no qual uma organização prepara os alimentos em um espaço seguro e depois leva para o local onde será servido – que, de acordo com Bompard, é responsável por mais de 30% do consumo de carne na França.
Procurado, o Grupo Carrefour Brasil afirmou que “nada muda nas operações no País”.