Carlos Alberto de Nóbrega, humorista conhecido por seu trabalho no A Praça É Nossa, do SBT, recebeu uma homenagem da Globo, emissora concorrente, no Domingão Com Huck deste domingo, 25.
Ele foi o personagem principal do quadro Linha do Tempo, que convida grandes nomes da televisão brasileira a relembrar parte de sua trajetória nas telas.
Nele, ouviu depoimentos de nomes que fizeram parte de sua trajetória, como Renato Aragão, Raul Gil e seus filhos. Também se emocionou ao relembrar artista da Praça que já se foram e ouvir uma música que lhe remetia ao seu pai, Manoel da Nóbrega. Confira mais detalhes sobre como foi a homenagem abaixo.
Ao ser recepcionado por Huck, Carlos Alberto abraçou o apresentador e foi ovacionado pela plateia. Depois, cumprimentou os outros integrantes do programa, inclusive Lívia Andrade, que trabalhou no SBT por muitos anos.
A homenagem começou retornando ao ano de 1936, quando nasceu. O apresentador Raul Gil narrou uma sequência de fatos da juventude de Carlos Alberto, e também deu um depoimento sobre a importância de seu pai, Manoel de Nóbrega.
Huck, então, levou o humorista para uma sala que recriava o escritório de Manoel, e leu uma carta que o radialista escreveu para o filho na juventude.
Família Trapo e a TV Record
Em novo vídeo, dessa vez com depoimento de Cidinha Campos, foi lembrado seu trabalho na redação da Família Trapo, que marcou época na TV Record. Foi mostrada uma foto de Carlos Alberto de Nóbrega ao lado de Jô Soares, que também trabalhou na atração, e um imitador de Ronald Golias (Rodrigo Cáceres) surgiu no palco, como uma ‘sombra’, rendendo elogios do homenageado.
Depois, já remetendo à década de 1970, Renato Aragão, o eterno ‘Didi Mocó’ foi o encarregado de gravar um depoimento com elogios e lembranças sobre o humorista.
Passagem pela Globo e ida ao SBT
À época, Carlos Alberto de Nóbrega foi um dos redatores do clássico Os Trapalhões (leia mais ao fim desta matéria). Um trecho do programa no qual apareceu em frente às câmeras foi relembrado.
A década de 1980 ficou por conta de relatos de seus filhos, Beto e Marcelo de Nóbrega. O destaque ficou para a ida do humorista ao SBT e sua relação com Silvio Santos.
Neste momento, foi tocada introdução da música A Praça, de Ronnie Von, há décadas abertura do humorístico A Praça É Nossa. Dançarinos passaram a formar um cenário semelhante ao do programa do SBT.
‘A Praça É Nossa’ na Globo
Enquanto o ‘velho e querido’ banco de praça branco era exposto no centro do palco, alguns atores imitavam personagens clássicos diante de Carlos Alberto, como Vera Verão (Jorge Lafond), Lindeza (Rony Cócegas) e Canarinho (Aloísio Ferreira Gomes).
O ator Saulo Laranjeiras surgiu interpretando João Plenário, outro nome conhecido da atração. Fez-se, então, em pleno domingo da Globo, um quadro digno de uma noite de quinta-feira no SBT. “Inacreditável o que está acontecendo no palco hoje. É o ‘metaverso’ do Domingão”, brincou Luciano Huck.
Depois, Ed Gama entrou caracterizado como a ‘Velha Surda’ (Roni Rios), com diversas piadas envolvendo Angélica, a mulher de Luciano. “Esse personagem foi o mais marcante, desde a época da Praça da Alegria!”, riu ‘Cazalbé’.
Foi exibido, então, um vídeo em que Moacyr Franco aparece como ‘Jeca Gay’. Ele chega a um banco de praça, mas não vê o colega: “Carlos Alberto, você não tá aqui, né? Mas você está aqui…”. Em seguida, mostrou uma sequência de fotos de humoristas que já morreram.
Foram eles: Chocolate (Dorival Silva), Sinfrônio (Walter D’Ávila) Rosauro (Simplício), Catifunda (Zilda Cardoso), Zé Bonitinho (José Loreto), Rony Cócegas (Lindeza), Velha Surda (Roni Rios), Canarinho e Pacífico (Ronald Golias). “E você está aqui [leva as mãos ao coração]”, encerrou Moacyr, dando início à sua música Amizade, que envolveu um vídeo com momentos do programa ao longo dos anos.
“Esses que estão aí [humoristas ‘das antigas’ que foram exibidos no telão]… Eles roeram o osso. Os de hoje estão comendo a carne. Entende?”, disse Nóbrega, chorando mais uma vez.
Os filhos de Carlos Alberto de Nóbrega
Na reta final, mais lágrimas em depoimentos de toda a família, incluindo, além de Beto e Marcelo, seus outros filhos, Maria Fernanda, João Vitor, Vinícius e Maurício, e sua mulher, Renata.
Depois de depoimentos gravados, os seis apareceram no palco, sentados cada um em um banco de praça, como Carlos Alberto. Marcelo foi o responsável por introduzir a homenagem final, que mais fez o humorista chorar: um coral cantando a música I’m Not In Love, do grupo 10cc, lançada em 1975, pouco antes da morte de Manoel da Nóbrega, em 1976.
“Hoje nós estamos aqui, pai, para te celebrar. Celebrar os seus quase 90 anos de vida. Seus 71 anos de trabalho. Acho que só tem uma música para terminar essa homenagem. Aquela que, quando tocou, um dia, nosso amor Manoel disse: ‘Quando essa música tocar, significa que estou com você’. Hoje, pai, nosso avô está aqui com a gente”, disse.
“Eu quero dizer que eu vivo por essa turma que está aí atrás. Todos os filhos são iguais. O Marcelo, há 20 anos dirige o programa. O Beto cuida da grana, ele que corre atrás [risos]. É meu guru, o filho que eu escuto, porque fala as coisas que os outros não têm coragem de falar”, afirmou ‘Cazalbé’ em seu agradecimento final.
Carlos Alberto de Nóbrega já trabalhou na Globo
Há quase 40 anos na mesma emissora, as gerações mais novas provavelmente se lembram de Carlos Alberto de Nóbrega somente no SBT. Ele, porém, chegou a trabalhar na Globo por alguns anos.
Na ocasião, integrava a equipe que escrevia os roteiros do clássico humorístico Os Trapalhões e, por vezes, aparecia também diante das câmeras.
Décadas depois, em entrevista a Cesar Filho, Carlos Alberto de Nóbrega atribuiu sua saída da emissora a Renato Aragão, que, segundo ele, “cresceu muito financeira e artisticamente” à época: “A intimidade que a gente tinha era muito grande. E ele começou a reclamar de eu entrar no camarim deles [Trapalhões].”
“A ponto de botar uma placa na porta: ‘colegas, por favor, não entrem’. Eu achei aquilo uma ofensa! Aquele ‘colegas’ era eu! Não é justo uma pessoa que tem a história de vida que eu tenho com Renato passar por isso.”
“Eu falei para o Renato: eu prefiro ser teu amigo do que trabalhar com você. Não quero perder a sua amizade. E não perdi até hoje! Mas eu já estava me sentindo mal. Estava chato. Aí tive uma chance, saí”, encerrou, citando o convite para refazer a Praça da Alegria na Band.