Daqui do oásis de paz e tranquilidade que (ainda) é a Ponta do Leme fiscalizo a movimentação, dando umas pernadas pelo calçadão para ir visitar, lá no Forte de Copacabana, do outro lado da praia, o CAM – Centro Aberto de Mídia, uma das bases do jornalismo mundial que cobre o evento.
Dá pra sentir a animação que se espalha em ondas pela orla de Copacabana. A “arrebentação” é logo ali, depois do Leme, na altura da Avenida Princesa Isabel, onde está localizado o FIFA FAN FEST.
Talvez seja essa gigantesca estrutura que ocupa a areia e estreita o calçadão por vários quarteirões a barreira que delimita nosso reduto de paz. À frente, em direção ao Posto 6, o ritmo é outro.
As levas coloridas de turistas que ocupam as areias, calçadas e, principalmente, os quiosques, bares e restaurantes se movimentam felizes e barulhentas. Ao contrário de nós cariocas, que precisamos manter nossa rotina de moradores e trabalhadores no maior cartão postal do país, para eles tudo é festa!
E, nesse quase carnaval, no quesito fantasia a originalidade conta muitos pontos. O uniforme mais comum é a bandeira do coração amarrada no pescoço servindo, inclusive, de proteção contra o ar mais fresco dessa época do ano. São como fantasias de alas das escolas de samba: básicas e em profusão.
O prêmio maior é ser notado por uma das dezenas ou centenas de câmeras de TVs e de celulares de jornalistas (são mais de dois mil cadastrados no Centro Aberto de Mídia) registrando dia e noite as cenas que mais chamam a atenção nesta incrível miscelânea cultural e esportiva.
O cocar gigantesco do torcedor solitário sul americano; a boneca inflável em tamanho natural com a camisa da Argentina, igual a do seu dono; os tradicionais chapéus mexicanos, perfeitos para proteger do sol carioca (se não tiver vento, é claro), todos já tiveram seus momentos de fama em fotos e nas telas de TVs do mundo inteiro.
Com o passar dos dias, os grupos começam a adotar seus lugares preferidos nos points do calçadão, delimitando seus territórios.
Indo e vindo, dá para mapear as preferências. Nas imediações do Copacabana Palace, por exemplo, o movimento é sempre intenso: além do cartão postal, é também, saída do metro. Tem gente à ufa! Ali, num dos quiosques, os colombianos montaram seu QG.
Estou só dando um exemplo, pra não acabar com a divertida brincadeira de encontrar as diversas representações pelo caminho da Princesinha do Mar.
Tem de tudo! Embalado muita cantoria e barulho. Nos quiosques a música só pode ser “voz e violão”. Percussão é proibida, sobre pena de multa para os proprietários. Em compensação, bateria na calçada, inserida no contexto de bandas de rock ou grupos de jazz ambulantes, isso pode.
Camelos vendem apitos e outros apetrechos que complementam as indumentárias turísticas, não apenas brasileiras. A linguagem é universal para realizar os negócios.
Durante o período da Copa do Mundo de Futebol, Copacabana é a Babel do século 21, com seus pecados e diferenças embalados e movidos por uma paixão, não apenas nacional, mas mundial.
Somos a mais linda paisagem da Cidade Maravilhosa!
Imagem síntese de um espírito maior: O esporte que a todos une. Em qualquer lugar do mundo…
*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “Ponta do Leme”, do SEM FIM… delcueto.wordpress.com