Política

Candidatos ao governo não surpreenderam

As eleições 2018 estão com pré-candidatos selados em coligações com pouca novidade nos perfis. Eles aparecem num configuração de direita-centro, de um lado, com uma esquerda que tenta evitar a pulverização num Estado com rejeição histórica a políticos à sua ideologia, de outro. O último fim de semana foi de convenções, encerradas no dia 5, para a oficialização de chapas, com dois pré-candidatos ao governo decidindo os nomes a vice em cima da hora. Estão definidos cinco nomes para governo e 11 para senador.

O ex-prefeito de Cuiabá Mauro Mendes (DEM) encabeça a reunião dos partidos grandes. Os democratas vão à disputa com o ex-prefeito de Lucas do Rio Verde Otaviano Pivetta (PDT) na vaga a vice-governador. O acordo foi firmado duas semanas antes do fim do prazo das convenções, depois de desenlace da marra do presidente do PDT, deputado estadual Zeca Viana, de se afastar do grupo por conta de negociação de uma vaga ao Senado.

As pré-candidaturas de Mendes e Campos foram anunciadas no começo do mês passado, sem a confirmação de nomes para a segunda vaga a senador e do vice que só foram decididas depois do deputado Adilton Sachetti (PRB), que tentava manter-se no grupo para concorrer ao Senado, desistir das negociações. Os democratas seguiram a preferência do cabeça da chapa e fecharam com Fávaro, que lidera o partido com a maior bancada da Assembleia Legislativa neste ano.

Com os dois nomes, Mauro Mendes conseguiu representação do agronegócio em seu grupo. Tanto Fávaro quanto Pivetta são produtores com articulação dentre empresários rurais; Mauro Mendes, empresário da metalurgia, garantiu a presença da indústria. O grosso do grupo é composto por políticos de longa data, além dos irmãos Campos (Jayme e Júlio), Carlos Bezerra (MDB) e Antero de Barros, na articulação de marketing. A chapa tem a presença do DEM, MDB, PSD, PDT, PHS, PSC e PMN.

O governador Pedro Taques (PSDB) vai concorrer à reeleição com chapa dominada por tucanos. O ex-procurador da República fez aliança com o PSL da juíza aposentada Selma Rosane Santos Arruda, que já na convenção fez uso de suas ações da 7ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça como medida de diferença de outros candidatos que respondem a longa ficha de investigação por corrupção. No mesmo partido está o deputado estadual Victório Galli, conhecido por sua posição “conservadora” sobre assuntos polêmicos.

O pré-candidato a vice de Taques só foi definido no sábado (4) com a escolha do também empresário do agronegócio Rui Prado, em chapa pura. Ele já presidiu a Famato (Federação da Agricultura de Mato Grosso) e nas eleições de 2014 concorreu ao Senado pelo PSD, então comandado pelo ex-deputado José Riva. Ele se transferiu para o PSDB alguns meses antes da filiação de Taques, em 2015.

 Outro peessedebista que encabeça a majoritária do grupo é o deputado federal Nilson Leitão que concorrerá ao lado de Selma ao Senado. Ele teve sua pré-candidatura confirmada, junto à de Pedro Taques, no começo de julho. A chapa pura dos tucanos não se deve à prioridade partidária, mas à dificuldade de Taques em articular nomes de outros partidos. Sachetti disse não à sua proposta de vice, e mesmo a articulação PSL foi estremecida por declarações da ex-juíza para a liberdade de seus seguidores de não votar em candidatos do PSDB. A relação com outras siglas seguiu estremecida até o fim de semana, caso do PSB que teve um grupo resistência à aliança. Ela foi fechada com dez partidos: PSDB, PSL, PPS, PRP, Avante, DC, Solidariedade, Patriota, PRPB e PSB.

Wellington Fagundes (PR) também concorrerá ao Palácio Paiaguás, com a pré-candidatura confirmada dois dias antes da convenção, quando também foi anunciado o nome da empresária Sirlei Theis (PV) como vice. A chapa do republicano reúne o maior número de partidos tradicionalmente da esquerda, mas ele se declara como um político de centro. As vagas para a majoritária estão compostas pela ex-reitora da UFMT Maria Lúcia Cavalli Neder (PCdoB) e Adilton Sachetti (PRB) para o Senado.

O senador também deixou para anunciar o nome do vice na última hora. Oficialmente, o pré-candidato afirma que busca montar um grupo coeso e coerente. Mas nos bastidores circulou a informação de que houve dificuldade na definição de partidos. A preferência era pelo petista Lúdio Cabral, mas as conversas não conseguiram convencê-lo a trocar a disputa a deputado estadual pela de vice. Também foi cogitado fechar o encabeçamento com chapa pura com o nome de Rodrigues Palma. O Partido Verde só apareceu nos momentos finais. A aliança contém dez siglas: PR, PV, PCdoB, PT, PRB, PTB, PROS, PP, PMN e Podemos.

O Psol trocou o Procurador Mauro pelo servidor público Moisés Franz para concorrer ao governo de Mato Grosso. A mudança aconteceu durante a convenção partidária no fim de semana. A definição trouxe surpresa, já que o Procurador havia anunciado pré-candidatura duas semanas antes. Ele recuou para a candidatura ao Senado que também será disputada por Gilberto Lopes Filho. Até o fechamento desta edição o partido não havia divulgado o nome do pré-candidato a vice.

O Rede Sustentabilidade também lançou pré-candidato ao governo. O ex-superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Arthur Nogueira irá disputar votos com os outros quatro concorrentes acompanhado pelo vice Sadi Oliveira, e Aladir Leite Albuquerque concorrerá ao Senado, ambos do PPL. O Partido Novo lançou somente um nome para Senado, o do advogado criminalista Waldir Caldas.
 

Redução da política a demandas setoriais

A crise política instalada no país se espelha nas eleições deste ano pela configuração de nomes para concorrer a cargos, com a transferência do debate político para questões setoriais. No cotidiano a mudança está na cobrança de medidas para atender a demandas microssociais. Mas os políticos que deveriam assegurar a representatividade do cidadão estão manchados por corrupção individual ou partidária.

“Quando a ideologia se rompeu, e o último reduto era o do PT, foi escancarada a gestão setorial que os partidos estão representando. As coligações de partidos não ocorrem por causa de questão de ideia, mas por critério eleitoral, de números. E, nesta avaliação, o setor mais forte é para onde políticos se direcionam, em busca de espaço”, explica o cientista político João Edisom.

Ele afirma que a mostra mais forte da política setorial em gestão pelos grupos políticos é comum no Congresso Nacional, onde os grupos são rotulados pela causa que defendem. “Quando se fala em grupos na Câmara dos Deputados, se fala em bancada do agronegócio, em bancada da bala, e assim por diante. Ou seja, não se faz mais política em vistas à questão social do Estado, do Brasil, mas por questão setorial”.

Em Mato Grosso, a falta de consenso afetou o agronegócio, setor que era considerado homogêneo. Ele está representado por Rui Prado, vice de Pedro Taques, Carlos Fávaro, candidato ao Senado no grupo de Mauro Mendes, e Adilton Sachetti, concorrente ao mesmo cargo em aliança com Wellington Fagundes.

Outros integrantes estão aglomerados sob a rubrica de representatividade pública, mas com o histórico de envolvimento em investigações policiais, o que também os coloca sob a rejeição explicitada a partir de 2013.

Instituto Mark aponta preferência a Mendes em quatro frentes

O democrata Mauro Mendes larga na frente de seus concorrentes na disputa ao Palácio Paiaguás, com 39,2% da intenção de votos na pesquisa estimulada, mais que o dobro do registrado a favor do atual governador tucano Pedro Taques (16,6%). Os números são do Instituto Mark e se referem a coleta de dados entre 18 e 22 de julho, com 604 entrevistados; a margem de erro é de três pontos para mais ou para menos.

 O Procurador Mauro (Psol), que retirou sua candidatura ao governo, aparece em terceiro lugar com 10,1%. O republicano Wellington Fagundes aparece em quarto com 4,1% das intenções. Num cenário estimulado sem o Procurador Mauro, Mauro Mendes tem preferência de 40,4%, Taques, de 17,7%, Wellington Fagundes, de 5,5%.

Mauro Mendes mantém a preferência no cenário, também estimulado, sem Wellington Fagundes, com 40,7% das intenções, seguido por Taques (17,7%) e o Procurador Mauro (9,9%). No confronto direto com Taques, Mendes novamente mantém-se à frente com 42,9% e o tucano com 18,9%.

 Na resposta espontânea, as médias de 10,1% para Mauro Mendes, 5,9% para Pedro Taques e 0,6% para a professora Edna Sampaio (PT). A pesquisa foi divulgada antes das convenções do fim de semana, quando foi definida a candidatura de Arthur Nogueira (Rede) e de Moisés Franz (Psol).

O instituto também divulgou a intenção de votos para o Senado. Jayme Campos aparece com 16,7% da intenção de votos, seguido pela juíza aposentada Selma Arruda (9,2%), Maria Lúcia Cavalli Neder (2,9%), Carlos Fávaro (1,8%) e Adilton Sachetti (1,6%). Duas vagas estão em disputa para o cargo.

 

Pré-candidatos a governo e Senado por chapas partidárias

DEM, MDB, PSD, PDT, PHS, PSC, PMN

Mauro Mendes (DEM) – governo
Otaviano Pivetta (PDT) – vice
Carlos Fávaro (PSD) – Senado
Jayme Campos – Senado
 

PSDB, PSL, PPS, PRP, PRPB, PSB, DC, Solidariedade, Patriota, Avante

Pedro Taques (PSDB) – governo (reeleição)
Rui Prado (PSDB) – vice
Nilson Leitão (PSDB) – Senado
Selma Rosane Santos Arruda (PSL) – Senado
 

PR, PV, PCdoB, PT, PRB, PTB, PROS, PP, PMN e Podemos

Wellington Fagundes (PR) – governo
Sirlei Theis (PV) – vice
Adilton Sachetti (PRB) – Senado
Maria Lúcia Cavalli Neder (PCdoB) – Senado

Rede Sustentabilidade, PPL
Arthur Nogueira (Rede Sustentabilidade) – governo
*Sadi Oliveira (PPL) – vice
Aladir Leite Albuquerque (PPL) – Senado
Sebastião Carlos (Rede Sustentabilidade) – Senado

Psol

Moisés Franz (Psol) – governo
Procurador Mauro (Psol) – Senado
Gilberto Lopes Filho (Psol) – Senado

Partido Novo
Waldir Caldas (Novo) – Senado

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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