Campeã do torneio Pequi Sevens, a equipe feminina Melina Rugby Clube está participando do torneio nacional Super Sevens e busca novas mulheres e jovens que possuam interesse em conhecer a modalidade. Esta é a primeira vez que um time feminino de Rugby de Cuiabá participa de uma competição nacional, quando as melhores equipes do Brasil se enfrentam.
O couch da equipe Melina Rugby Clube, Michel Leplus, compara o torneio com a primeira divisão do Campeonato Brasileiro, em que existem oito times profissionais e mais oito equipes convidadas. “Para participar desse torneio, ou você ganha alguma coisa, que é o nosso caso, ou demonstra que tem algumas qualidades para fazer esse campeonato,” explica Leplus.
A primeira equipe feminina de Rugby em Cuiabá foi criada ainda no ano de 2016. A equipe conta com doze jogadoras fixas, porém há uma grande rotatividade de atletas, porque a maioria das jogadoras são estudantes. A Melina Rugby Clube foi campeã do Circuito Centro-Oeste de Rugby Sevens Feminino (Pequi Sevens) e selecionada para a competição. “A grande diferença que nós vamos encontrar contra os times que vamos enfrentar é que elas não são mais estudantes, são pessoas com profissão que podem se dedicar diferentemente delas,” argumenta.
Conhecido como o pai, ou a mãe, do Futebol Americano, o Rugby nasceu na cidade que possui o mesmo nome, na Inglaterra, e é praticado no Brasil há mais de 40 anos. Porém, os mato-grossenses só vieram a conhecer a modalidade de perto em 2009, quando foi montado o primeiro time.
A Melina Rugby tem um projeto para fortalecer o esporte no Estado de Mato Grosso, que é reforçar as categorias de base. Para isso, foi criado o projeto Melina Rugby Junior que atende crianças de oito a 15 anos, que tenham o interesse em praticar ou conhecer o esporte.
Michel Leplus explica que ainda existe um “preconceito” das pessoas que acham que o esporte é violento, mas não é totalmente verdade. Por se tratar de um esporte de contato no qual as jogadoras têm que impedir o avanço do time adversário, é necessário bastante preparo físico para evitar lesões.
Outro preconceito enfrentando é em relação ao corpo das jogadoras. A maioria das pessoas que desconhece o esporte imagina precisar de um corpo robusto para a prática da atividade. Para Leplus, o biótipo das jogadoras não é uma barreira para praticar o esporte, pois a modalidade precisa de todos os tipos de atletas, desde as mais velozes às mais fortes.
“É o único esporte que requer todos os biótipos, precisa de pessoas baixas, pessoas altas, magras, pessoas mais fortes. Não tem nenhuma especificação nesse sentido, basta sentir a vontade de jogar,” diz.
Numa partida de 14 minutos, as jogadoras chegam a correr em média quatro quilômetros. O treinador explica que houve uma grande evolução nos últimos 40 anos, com o objetivo de preservar a integridade física dos atletas. “A violência não é tolerada no Rugby, tanto pelos times, como pelos juízes. Nosso esporte tem uma particularidade em relação ao futebol, que é justamente o respeito que você tem que ter sobre isso. Você não pode falar com o juiz, apenas a capitã da equipe e os juízes cobram muito nesses aspectos, os juízes não deixam alguém ter uma ação perigosa,” diz.
Na opinião da jogadora Elisabete Rieth, as lesões são causadas pela falta de preparo físico das atletas. “O Rugby necessita cada vez mais de preparo físico, então realmente você precisa ter força, ter preparo para saber cair, receber e dar impacto, correr. Além de muita resistência, explosão muscular, potência e precisa de jogadoras velozes e fortes, tentar mesclar tudo isso,” explica.
Uma equipe de Rugby feminina é formada por sete pessoas, num campo de futebol normal e com uma trave em ‘H’. A principal diferença do Futebol Americano é que a bola não pode ser lançada para frente, apenas ser passada para um companheiro que está atrás da linha da bola. Outra diferença básica é que as jogadoras não podem conversar com os juízes e quando um jogador cai ele deve soltar a bola e não participa mais da jogada.
Existem três tipos de pontuações: o “try”, cinco pontos, que é quando o jogador atravessa o campo e coloca a bola no chão com as mãos após a linha de chegada; a “conversão”, que vale dois pontos, quando a jogadora além de fazer o “try” arremessa a bola sobre o ‘H’. Há também a cobrança de penalidades, quando a jogadora, de qualquer local do campo, consegue chutar a bola sobre a parte superior da trave, equivalente a três pontos.