Profissionais ligados ao Sindicato das Secretárias e Secretários do Estado de Mato Grosso (SISEMAT), se revoltaram com campanha publicitária realizada pela loja Puket, no Pantanal Shopping, em Cuiabá.
Em comemoração ao Dia da Secretária – em 30 de setembro, a loja colocou em sua vitrine a exposição de diversas calcinhas junto a placa com os dizeres “30/09 – Dia da Secretária – Não se esqueça de quem nunca deixa você esquecer nada”, dando a entender, que os patrões deveriam presentear suas funcionárias com uma das peças intimas em exposição.
Para a presidente do SISEMAT, Amarília Mathilde da Silva, a campanha comercial emprega clara conotação sexual à relação que o profissional do secretariado tem para com o seu assessorado ou seu chefe.
“Uma vez que, ao dispor em sua vitrine os produtos com essa mensagem, claro que sugeriu que toda secretária tem intimidade suficiente com quem é subordinada, a ponto de ser presenteada com roupas íntimas, ou seja, é o mesmo que dizer que as secretárias extrapolam a ética profissional e favorecem sexualmente seus superiores hierárquicos no ambiente de trabalho”, declarou a sindicalista.
Amarília disse ainda que, a Puket foi infeliz em sua ação, já que, se a intenção da empresa era homenagear as mulheres que exercem a profissão de secretária, deveria se pensar em como exaltá-las e não rebaixá-las. “São mães de família, homens que também exercem esta profissão. É um rotulo que queremos tirar da nossa profissão, a “de que iremos sentar no colo do patrão”, afirmou.
O sindicato protocolou na tarde desta terça-feira (23), nota de repúdio contra a campanha, na própria loja.
Repercussão
O fato foi flagrado por uma aluna de Secretariado do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), que acabou postando sua revolta na rede social Facebook. A postagem teve grande repercurssão nas midias sociais.
No sábado (20), o post publicado no Facebook foi compartilhado por mais de 56 pessoas. Com fotos da vitrine e a reivindicação de profissionais, a internauta e secretária Flávia Peres externou sua revolta.
"Precisamos manifestar repúdio a essa loja, hoje, passeando no Shopping Pantanal, nao pude acreditar , quando vi a associaçao que fizeram da profissao que escolhi e que exerço há 20 anos! Fica aqui meu REPUDIO!!! Trata-se de uma associaçao que denigre muito a classe!!
Diminui, preconceitua, acentua um preconceito antigo contra o qual temos trabalhado muito!! Vem contra tudo q lutamos ,pra mudar essa visao generalizada!
Somos necessarias, nao só lembramos a quem assessoramos , de compromissos, gerenciamos situaçoes, das mais cabulosas e melindrosas, resolvemos problemas! Trabalho , difundo essa idéia tanto qto possivel!
E essa vitrine retrata uma ideia cristalizada culturalmente em relaçao à mulher secretária q é mto triste… ou seja, dê uma calcinha p sua secretária, afinal, vcs são íntimos o suficiente p isso. Como é q eu fico calma com isso?
A mulher luta há séculos p ser reconhecida em sua intelectualidade e vem um comerciante estúpido fazer esse tipo de coisa no séc XXI, bem no meio da nossa cara? Não podemos calar…", diz trecho da publicação.
Outras (os) profissionais comentaram o post. A professora Karla Cristina diz: "Fica aqui registrada minha indignação…pois tudo que sou e conquistei e continuo conquistando é graças a esta profissão maravilhosa que escolhi..e não se resume a uma alusão medíocre como essa".
Outro lado
A gerente da franquia da Puket em Cuiabá, Keila Salvador, explicou ao Circuito Mato Grosso que a intenção da loja não era a de atrelar a profissão de secretária com conotações sexuais.
Keila comentou que semanalmente, a loja coloca em sua vitrine produtos diversos ofertados pela marca. A placa em comemoração ao Dia da Secretária foi uma orientação da empresa para todas as franquias, que deveriam colocar a mensagem em qualquer lugar de destaque nas unidades. A vitrine foi uma escolha da gerência do estabelecimento local.
“Resolvemos colocar a placa em nossa vitrine, para chamar a atenção de vários patrões e patroas que acabam esquecendo esta data. Não queríamos atrelar a imagem da secretária com a compra de calcinhas. Não há nenhuma conotação sexual intencional”, disse a gerente.
Conforme Keila, a placa que gerou tamanha revolta, já foi trocada de local. Além disso, foi montado um setor especial, com produtos voltados a esta classe profissional.
“Assim que recebemos a nota de repudio do sindicato, entramos em contato com a Puket nacional, que emitira uma retratação”, afirmou Keila.