Cidades

Campanha da Fraternidade deste ano condena atos de violência contra grupos LGBTs

 Defesa explícita e inédita da população LGBT provocou a ira de conservadores brasileiros contra os organizadores da Campanha da Fraternidade, projeto realizado anualmente desde a década de 1960 pela Igreja Católica no Brasil. O tema de 2021 é “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor” e o lema: “Cristo é a nossa paz. Do que era dividido fez uma unidade”,  (Ef 2,14a).

O texto-base deste ano, cujo tema reforça a importância do diálogo frente à polarização, ainda ressalta que mulheres, especialmente as negras e as indígenas, são as maiores vítimas do "sistema de violência" no Brasil, e enaltece a importância das políticas de defesa dos direitos humanos.

O mais polêmico parágrafo é o que afirma que "outro grupo social que sofre as consequências da política estruturada e da criação de inimigos é a população LGBTQI+".

"Uma das falsas notícias que fortalece a violência é a retórica de que direitos humanos servem apenas para defender 'bandidos'. Esse discurso fragiliza cada vez mais os instrumentos institucionais que contribuem para a justiça", diz o documento.

Citando a última edição do Atlas da Violência, o documento observa que, em 2018, foram registrados 1.685 casos de violência contra essa população no país. "Segundo dados do Grupo Gay da Bahia […], 420 pessoas LGBTQI+ foram assassinadas [no mesmo ano], destas, 164 eram trans", acrescenta.

"Esses homicídios são efeitos do discurso de ódio, do fundamentalismo religioso, de vozes contra o reconhecimento dos direitos das populações LGBTQI+ e de outros grupos perseguidos e vulneráveis", enfatiza o documento. Diante disso, a Campanha da Fraternidade passou a ser alvo de campanhas de desinformação nas redes sociais.

Abordar temas espinhosos não é novidade do projeto – que tem como premissa mobilizar comunidades de base e paróquias em todo o Brasil para debater um assunto ao longo do período da quaresma, ou seja, entre o carnaval e a Páscoa. Já foram colocados como tema os encarcerados (em 1997), a discriminação racial (1988), o tráfico humano (2014) e o desemprego (1999).

A partir do século 21, a cada cinco anos a campanha é realizada de forma ecumênica. É quando a escolha do assunto não recai somente sobre um colegiado da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), mas sim a membros do Conselho Nacional das Igrejas Cristãos do Brasil (Conic) – também integrado pelos católicos.

A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou, nesta terça-feira, 9 de fevereiro, uma nota na qual esclarece pontos referentes à realização da Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano. O documento reafirma a Campanha da Fraternidade como uma marca e, ao mesmo tempo, uma riqueza da Igreja no Brasil que deve ser cuidada e melhorada sempre mais por meio do diálogo. Iluminado pela Encíclica Ut Unum Sint, de 1999, do Papa São João Paulo II, o texto aponta também ser necessário cuidar da causa ecumênica. 

A presidência da CNBB afirma, no parágrafo final, que apesar de nem sempre ser fácil cuidar das dificuldades levantadas pela realização de uma Campanha da Fraternidade e da caminhada ecumênica e de muitos outros aspectos da ação evangelizadora da Igreja, nem por isso se deve desanimar e romper a comunhão, o que segundo os bispos é uma das maiores marcas dos cristãos. “Não desanimemos. Não desistamos. Unamo-nos”, exorta a presidência da CNBB.

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Cidades

Fifa confirma e Valcke não vem ao Brasil no dia 12

 Na visita, Valcke iria a três estádios da Copa: Arena Pernambuco, na segunda-feira, Estádio Nacional Mané Garrincha, na terça, e
Cidades

Brasileiros usam 15 bi de sacolas plásticas por ano

Dar uma destinação adequada a essas sacolas e incentivar o uso das chamadas ecobags tem sido prioridade em muitos países.