Caminhoneiros liberaram a última rodovia que mantinham bloqueada nesta terça-feira (3) por volta das 19h. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o tráfego no km 245 da BR-386, em Soledade, no Rio Grande do Sul, já está livre e não havia, até as 19h40, registro de bloqueio em estradas do país.
Durante o dia, porém, houve protestos com fechamento de trechos de rodovias em outros três estados, além do Rio Grande do Sul: São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. No Paraná há pontos de manifestação, mas sem fechar rodovias.
Nesta segunda, a presidente Dilma Rousseff sancionou, sem vetos, a nova Lei dos Caminhoneiros, como parte do acordo entre governo e categoria para por fim à paralisação dos motoristas. Segundo a Agência Nacional dos Transportes Terrestres, a lei entra em vigor dia 17 de abril.
Uma nova reunião foi marcada entre caminhoneiros e empresários, com mediação do governo, para o dia 10 de março. O encontro servirá para que as duas partes cheguem a um acordo sobre uma tabela que calculará os novos preços dos fretes.
Em nota divulgada no domingo (1º), o governo federal disse que ampliaria a presença de policiais nas estradas para assegurar o cumprimento de decisões judiciais que determinaram o desbloqueio de rodovias.
Rio Grande do Sul
O Rio Grande do Sul teve rodovias bloqueadas durante quase toda a terça-feira (3), até que, por volta das 19h, os caminhoneiros encerraram os protestos e liberaram o último trecho com interdição, na BR-386, em Soledade.
Nesta tarde, se apresentou à polícia o caminhoneiro suspeito de atropelar e matar um colega de profissão ao tentar furar um bloqueio na BR-392, em São Sepé, no sábado (28).
Cinco caminhões-tanque foram apedrejados nesta terça na BR-392, em Rio Grande, no sul do estado. Segundo a PRF, o primeiro ataque envolveu dois veículos que estavam carregados com produtos para a Refinaria Riograndense, por volta das 5h.
Ainda segundo a PRF, em Panambi, na BR-285, manifestantes derramaram mais de 100 litros de óleo na pista para tentar impedir a passagem do comboio de caminhões-tanque que tenta entregar combustível em algumas regiões do estado com a escolta da polícia.
Como consequência dos vários dias de paralisação dos motoristas, o estado sofre com desabastecimento. Cerca de 70% dos postos no interior do estado estão sem combustíveis.
Mato Grosso do Sul
Caminhoneiros liberaram, por volta das 16h desta terça-feira, os trechos bloqueados das rodovias estaduais MS-134 e MS-276. Cerca de 30 caminhões haviam fecahdo o km 123 da MS-134, em Nova Andradina, e outros 20 veículos bloqueavam o km 3 da MS-276, na altura de Batayporã, segundo a Polícia Militar Rodoviária.
Distrito Federal e Goiás
No Distrito Federal, um grupo de caminhoneiros de vários estados ocupava, às 7h40 desta terça, o estacionamento do Estádio Nacional de Brasília. A arena fica no centro da cidade e próximo à Esplanada dos Ministérios. Por volta das 10h, um grupo saiu em comboio e deu uma volta no estádio, escoltado por equipes do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar.
O caminhoneiro Guilherme Becke, de 76 anos, enfrentou 48 horas de viagem entre o Rio Grande do Sul e o Distrito Federal para participar dos protestos. Com 58 anos de estrada, ele foi o primeiro a chegar a Brasília na tarde de segunda-feira (2).
Viúvo e pai de dois filhos, Becke afirma que a categoria jamais foi atendida no Congresso Nacional. "Não temos mais condições de manter um caminhão. Não temos mais condições de viajar", afirmou.
A PRF monitora cerca de 20 caminhoneiros que trafegam pelas rodovias BR-040 e BR-060 em Goiás em direção ao Distrito Federal. Nenhum bloqueio foi registrado hoje em Goiás.
São Paulo
Os caminhoneiros liberaram no final da tarde trecho da Rodovia Raposo Tavares (SP-270) que estavam parcialmente interditado a partir do km 426 na cidade de Palmital, na região de Assis (SP), desde a manhã desta terça-feira
Durante pouco mais de 8 horas, os caminhoneiros bloquearam uma das faixas dos dois sentidos da rodovia. Foi o 4º dia seguido de bloqueio no trecho.
No km 563, em Presidente Prudente, os manifestantes fizeram bloqueio em duas ocasiões. O primeiro protesto foi às 9h10, quando cerca de 100 caminhoneiros interromperam o trânsito em uma das faixas por cerca de 1h30.
Por volta das 11h30, houve novo protesto entre os km 562 e 565, com 192 veículos parados no local. Os caminhoneiros liberaram o tráfego às 14h10.
Paraná
A terça-feira amanheceu sem pontos de interdição nas rodovias federais e estaduais do Paraná. Os caminhoneiros que bloqueavam as rodovias federais entre a tarde e noite de segunda-feira (2) levaram os veículos para postos de combustíveis localizados na beira das estradas ou estacionaram em recuos.
No entanto, ainda há dez pontos onde caminhoneiros fazem algum tipo de manifestação.
Um caminhoneiro, de 26 anos, foi atropelado por outro, de 34, que tentava escapar de um bloqueio em Medianeira, no oeste do Paraná, no início da noite de segunda-feira.
De acordo com a Polícia Civil, que investiga o caso, o motorista fugiu e foi detido por policiais militares e rodoviários estaduais em Missal, também no oeste, a cerca de 30 km do local do acidente. Aos investigadores, ele disse que estava seguindo para Toledo pela PR-495, quando foi atacado por um grupo de manifestantes.
Santa Catarina
Após duas semanas de protestos, caminhoneiros liberaram todos os trechos de rodovias em Santa Catarina nesta terça. Segundo o inspetor Ivo Silveira, da Polícia Rodoviária Federal (PRF), os últimos cinco pontos foram liberados por volta das 9h.
Sem ração, animais estão morrendo em frigoríficos e propriedades rurais do estado.Por causa da paralisação, os ingredientes para fazer o alimento dos animais não chegam aos produtores, afirma o Sindocato das Indústrias e Derivados de Carne do estado.
Fonte: G1