A Câmara de Vereadores de Cuiabá aprovou, com 23 votos favoráveis, a reforma administrativa proposta pelo prefeito Abílio Brunini (PL). A principal mudança anunciada foi a redução de 43 cargos comissionados, diminuindo o total de 812 para 769. No entanto, a economia líquida gerada pelo corte será de apenas R$ 3.737,65 ao longo de um ano, um valor que representa menos de 0,005% do total gasto com cargos de confiança.
Além da tímida redução de cargos, a reforma estabelece a criação da Secretaria Municipal de Segurança Pública e o desmembramento da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer em duas novas pastas. Outra mudança significativa foi a criação da Secretaria de Economia, reorganizando a estrutura administrativa da capital mato-grossense.
Críticas e Polêmicas: “Reforma Fajuta” e Inconstitucionalidade
A oposição não poupou críticas à proposta da prefeitura. O vereador Jeferson Siqueira (PSD) classificou a reforma como “fajuta”, ironizando a promessa de Abílio Brunini de “enxugar a máquina pública”. Para ele, a medida é ineficaz e não atinge cortes reais de despesas. Já o vereador Adevair Cabral (Solidariedade) afirmou que, além de não gerar economia significativa, a reforma ainda cria novas subprefeituras, aumentando cargos comissionados ao invés de reduzi-los.
Outro ponto polêmico do projeto é a previsão de redução salarial para alguns servidores, o que foi apontado como inconstitucional pelos vereadores Daniel Monteiro (Republicanos) e Eduardo Magalhães (Republicanos). Segundo eles, a questão poderá ser contestada na Justiça. Ainda assim, ambos votaram a favor da reforma.
Defesa e Votação
Na defesa da medida, a vereadora Katiuscia (PSB) argumentou que, embora a reforma não tenha o impacto financeiro esperado, ela busca dar mais “governabilidade” ao prefeito Abílio Brunini. Já o líder do governo na Câmara, vereador Dilemário Alencar (União), garantiu que a proposta não tem ilegalidades, explicando que a redução salarial afetará apenas cargos comissionados da Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Cuiabá (Arsec), que será extinta.
Apesar da aprovação majoritária, três vereadores optaram por se abster da votação: Chico 2000 (PL), Dídimo Vovô (PSB) e Jeferson Siqueira (PSD).
A aprovação da reforma levanta dúvidas sobre sua efetividade e impactos reais. Enquanto o governo defende a reorganização da estrutura administrativa, a oposição vê a medida como um ajuste simbólico que pouco contribui para aliviar os gastos públicos. Resta saber se as mudanças serão contestadas judicialmente ou se, no final, a reforma passará despercebida, sem efeitos práticos para os cofres públicos.