Política

Camaleão Nadaf se articula para continuar no poder

Uma grande expectativa que cerca a montagem do secretariado de Pedro Taques é de que sejam adotadas fortes alterações nos critérios para a escalação dos secretários e que o novo governador anuncie, no próximo dia 10 de dezembro, um secretariado impactante, formado por profissionais que expressem e corporifiquem o espírito de renovação que tanto Pedro Taques como as lideranças políticas que o cercam vêm procurando firmar como a marca mais forte do novo governo.

Em coletiva de imprensa realizada na quarta-feira (15), o chefe da equipe de transição do governo, Otaviano Pivetta (PDT) evitou falar de nomes e de possíveis secretários, relembrando que essa escolha é uma atribuição inteiramente reservada a Pedro Taques, como o próprio governador eleito tem ressaltado em seus pronunciamentos.

Nas sombras dessas indefinições existem, todavia, aqueles que trabalham para que as mudanças anunciadas não sejam tão profundas e, mantendo um velho hábito mato-grossense, tudo mude para se manter do jeito que está.

Não podem ser encaradas de outra forma as manifestações e articulações que estão sendo feitas – algumas delas à luz do dia – para garantir, por mais incrível que pareça, que alguns nomes da atual e muito desgastada administração do governador Silval Barbosa consigam se manter no primeiro escalão do futuro governo.

Um dos movimentos mais surpreendentes, nesta escalada, são os factoides que pipocaram dando conta de que um grupo de empresários, tão logo foi anunciado o resultado das urnas, passou a pressionar Pedro Taques para que preserve, em posição de destaque em seu governo, o empresário e atual chefe da Casa Civil, o empresário-burocrata Pedro Nadaf – curiosamente um personagem dos mais questionados durante a gestão que chega ao fim. 

Nadaf é o homem-símbolo das políticas de desoneração de impostos que têm favorecido um seleto grupo de empresas em detrimento da implementação das mais diversas políticas públicas. Não foram poucas as reportagens que apontaram um prejuízo superior a R$ 1 bilhão com os incentivos fiscais, distribuídos sem qualquer controle, a partir da orientação deste gestor que sobrevive como o último dos “homens fortes” por trás do governador Silval Barbosa, depois da derrocada de personagens como Éder Moraes, talvez não por acaso conduzido a prisão federal devido a excessos que cometeu, justamente no período em que coadministrava a política de incentivos ao lado de Pedro Nadaf.

A defesa de Pedro Nadaf é articulada por um grupo seleto de ‘caixas altas` do comércio e da indústria que fazem lobby explícito para que o notório secretário continue com o controle de uma das pastas responsáveis pela definição das negociações sempre nebulosas em torno dos incentivos fiscais, que tanto pano para manga têm dado nesses últimos tempos, expondo a administração estadual devido aos mal feitos já revelados, notadamente por este Circuito Mato Grosso.

Já em 2012, na histórica edição que tratou da farra fiscal, provocando um pequeno terremoto no estamento do poder em Mato Grosso, o Circuito apontava, a partir de fontes da própria secretaria comandada por Pedro Nadaf, que os incentivos tinham se transformando no maior fator de esvaziamento dos cofres públicos.

Dentre os privilegiados pela caneta de Pedro Nadaf, à revelia do Conselho Deliberativo dos Programas de Desenvolvimento de Mato Grosso (Condeprodemat), aparecem empresas do setor de biodiesel, indústria de alimentos, frigoríficos, combustíveis, soja, bebidas e comércio de eletroeletrônicos varejista e atacadista.   

A ação dos lobistas em favor de Pedro Nadaf não conseguiu, até agora, qualquer repercussão junto à equipe de transição, montada por Pedro Taques e comandada por Otaviano Pivetta. O que exigirá dos lobistas, certamente, um maior capricho no seu malabarismo.

O próprio Nadaf, quando no final de semana a medida de articulação conduzida na defesa da sua continuidade foi exposta pela mídia, veio à boca de cena para dizer que a citação do seu nome derivava de “especulações, puramente.” Além do mais, disse o esquivo secretário: “Acredito que o governador eleito Pedro Taques tem muitos nomes de pessoas competentes para estar à frente da administração”.

A ação dos lobistas, todavia, não para e já há notícia de que o deputado federal eleito Fábio Garcia (PSB) também estaria por ser acionado para advogar em favor de Nadaf, já que mantêm relação de amizade. O argumento é que não seria surpresa se Pedro Taques adotasse, no plano estadual, a mesma tática de cooptação adotada, na prefeitura de Cuiabá, pelo prefeito Mauro Mendes (PSB), um dos seus principais parceiros políticos. Os lobistas vão defender junto a Taques o modelo de pacto adotado por Mendes que teria conseguido atenuar muitos conflitos e diluir a oposição ao seu governo e à sua proposta de reeleição em 2016, à medida que soube subordinar à sua administração setores das administrações anteriores do petebista Chico Galindo e do tucano Wilson Santos. 

 

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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