A inadimplência do consumidor com empresas de telecomunicações, que prestam serviços de telefonia, acesso à internet e TV por assinatura, tem crescido mais do que em outros setores da economia. Enquanto a inadimplência total no País vem desacelerou para 3,19% em dezembro (nas dívidas não pagas) ante 5,43% em agosto, a quantidade de contas atrasadas no setor de telecomunicações avançou 16,21% – a maior alta em 24 meses.
Os dados são do indicador calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e foram divulgados nesta terça-feira (27).
A tendência também se reflete no aumento da participação do setor de telefonia, internet e TV por assinatura no total de dívidas registradas no país. Desde janeiro de 2010, quando teve início a série histórica revisada do SPC Brasil, a participação deste setor quase dobrou, passando de 8,70% para 15,82% em dezembro de 2014.
Nesse quadro, a maior parte das dívidas pertence aos consumidores com idade entre 30 e 39 anos (27,79%), seguido pelos devedores de 40 a 49 anos (19,49%), de 50 e 64 anos (16,13%) e pelos que têm idade entre 25 e 29 anos (14,43%).
A região brasileira com o maior índice de inadimplência é a Norte, onde o crescimento foi de 37,42%, seguida pelo Nordeste (21,24%), Sudeste (14,49%), Sul (11,47%) e Centro-Oeste (9,885).
A abertura dos dados por tempo de atraso da dívida revela que as mais antigas, com mais de 90 dias de atraso, tiveram alta de 16,26%. Essa faixa concentra mais de 99% das dívidas dos consumidores com esse setor. As dívidas mais recentes, com até 90 dias, tiveram avanço mais moderado e cresceram 9,12% em dezembro de 2014.
Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o aumento expressivo do número de dívidas no segmento de telecomunicações acompanha o crescimento da demanda por esse serviços. Outra pequisa da SPC revela ainda que dentre os consumidores que tiveram gastos com contas de celular e internet ao longo de 2014, 87% consideram o gasto como algo "necessário". Além disso, o valor médio do brasileiro com esse tipo de despesa chega a R$ 104, o que é uma cifra elevada quando consideramos a renda média dos brasileiros.
"Os chamados 'combos', que unem internet, telefone e TV por assinatura, têm se popularizado no Brasil, mas muitos consumidores ainda não se planejam financeiramente para lidar com essas despesas e a quantidade de atrasos tem sido cada vez maior", explica a economista.
Em pesquisa limitada aos brasileiros que têm o nome registrado em serviços de proteção ao crédito, 5% deles admitiram que o compromisso financeiro que levou a essa situação foi a conta de telefone (fixo ou celular). Na hora de apontar onde pretendem economizar para pagar dívidas, por outro lado, o telefone celular é citado por 14% dos inadimplentes entrevistados, e o telefone fixo foi apontado por 8% deles.
Fonte: iG