No total, foram sonegados mais de R$ 614 milhões da Receita Federal. Essa bolada poderia ser destinada à saúde, educação, segurança e programas de inclusão social, entre outros. Conheça os devedores e o que o Brasil poderia ter feito com a grana.
Luiz Estevão: neste ano, o ex-senador desembolsou R$ 589 mil para um DJ famoso tocar na festa da filha, mas não pagou os milhões que deve ao Brasil. Ele foi condenado pela Justiça Federal de Santo André a quatro anos e oito meses de prisão devido ao crime de sonegação fiscal. Ao lado de sua esposa, também condenada, ele administrava a empresa Benfica Cia Nacional de Pneus. A bolada que eles ocultaram poderia acomodar mais de mil famílias em casas populares.
Luiz Estevão e sua esposa, Cleicy Meireles, sonegaram juntos R$ 57,7 milhões – o equivalente a 1.109 casas populares do programa “Minha Casa Minha Vida”, ao custo de R$ 52 mil cada. Além da pena na cadeia, que eles cumprirão em regime semiaberto por serem réus primários, eles terão de pagar uma multa de R$ 479,3 mil cada – ou 0,83% do valor que sonegaram juntos.
Ivete Sangalo: a cantora baiana entrou na lista de caloteiros da Receita Federal quando o baterista Toinho Batera processou por causas trabalhistas a empresa “Caco na Telha”, organizadora de seus shows. Integrante da banda por mais de dez anos, ele pediu R$ 5 milhões de benefícios, mas a exigência foi recusada pela empresa. E o caso não parou por aí…
Segundo Batera, a “Banda do Bem”, formada por músicos que tocam com Ivete, era “uma empresa de fachada por ordem da própria cantora”. Assim, Ivete não teria de registrá-los e pagar impostos trabalhistas. Jesus Sangalo, irmão dela, também foi demitido da “Caco na Telha” e a estaria processando por salários atrasados e direitos trabalhistas, em cerca de R$ 23 milhões. Procurada pela reportagem do R7, a assessoria da cantora disse que ela não se pronunciará sobre o caso.
Beto Carrero: o empresário e artista foi condenado em 2002 pela Justiça Federal em Santa Catarina pelo crime de sonegação fiscal. De acordo com a sentença, ele cometeu irregularidades fiscais por meio de suas empresas que omitiram dos cofres públicos, entre 1994 e 1996, R$ 20 milhões de rendimentos. Veja no próximo clique a pena que ele recebeu.
Dono do parque “Beto Carrero Word”, em Santa Catarina, o caubói, morto em 2008, teve de pagar multa de 18 mil salários mínimos – R$ 3 milhões na época – e reclusão de três anos e dez meses, substituída por prestação de serviços à comunidade. Com esse valor ele compraria 17 unidades da MV Agusta F3 Serie Oro (R$ 170 mil), uma das motos mais caras do Brasil.
Roberto Assis: irmão e empresário de Ronaldinho Gaúcho, ele foi condenado em 2012 a cinco anos e cinco meses de prisão em regime semiaberto devido à lavagem de dinheiro e sonegação de impostos referente a uma movimentação de dinheiro do exterior para o Brasil. O processo está sob sigilo da Justiça e ele recorre em liberdade.
Na sentença, o irmão de Ronaldinho gaúcho trouxe ao Brasil, em 2003, uma bolada de R$ 1,6 milhão vinda da Suíça e não declarada ao Banco Central. Com a quantia, ele poderia comprar quatro imóveis de 50 m² em São Paulo, ao custo de R$ 6.922 pelo metro quadrado (preço médio na capital). E ainda sobrariam R$ 215 mil pra colocar um carro médio em cada garagem.
Guilherme Fontes: o ator enfrenta problemas desde 1995 na produção do filme “Chatô, o Rei do Brasil”, do qual é diretor. Condenado em 2010, pela Justiça do Rio de Janeiro, a três anos, um mês e seis dias de reclusão por sonegação fiscal, ele teria emitido notas fiscais de Guararema (São Paulo), e não no RJ, onde funcionava a empresa, deixando de recolher impostos para a cidade.
A pena de Guilherme Fontes foi convertida em trabalho comunitário, e o ator precisaria cumprir sete horas semanais durante o período da pena. Além disso, ele teria de pagar 12 cestas básicas de R$ 1 mil para instituições sociais do Rio. Contudo, essa não foi a única dívida dele com a Justiça. Em 2012, ele foi condenado a devolver R$ 2,5 milhões em recursos públicos por não concluir o filme.
Marcos Valério: condenado a quarenta anos de prisão por operar o esquema Mensalão, o empresário também caiu nas garras do Leão e foi condenado pelo MPF (Ministério Público Federal) a (mais) quatro anos de prisão por crime de sonegação fiscal. Os R$ 5 milhões ocultados equivalem ao salário mínimo de milhares de trabalhadores do Brasil, entenda a seguir..
Marcos Valério e sua esposa, Renilda Santiago, prestaram declarações falsas à Receita Federal sobre o IR (Imposto de Renda) entre 2001 e 2002, de acordo com o Ministério Público de Belo Horizonte. O valor omitido de R$ 5 milhões equivale ao salário mínimo (R$ 678) de 7.734 servidores públicos. O casal recorre da sentença em liberdade.
A operação descobriu uma dívida da Daslu com o Fisco estimada em R$ 500 milhões, fruto de impostos sonegados. Esse valor é quase o triplo do previsto pela Prefeitura de São Paulo para a reforma do corredor de ônibus da Avenida Inajar de Souza, na zona norte, que será de cerca de R$ 170 milhões. Condenada a 53 anos de cadeia, Eliana Tranchesi foi liberada e acabou morrendo de câncer em fevereiro de 2012, mas a dívida continua. Quem vai pagar o Brasil?
FONTE: PrimeiraHora | R7