As duas caixas-pretas do avião russo que caiu neste sábado no Egito foram recuperadas e enviadas para análise, segundo confirmou o ministro de avião civil do país. Aviões carregam normalmente duas caixas-pretas: uma que registra os dados do voo e outra os comandos de voz da cabine do piloto.
Mais cedo, o escritório do premiê egípcio Sharif Ismail emitiu um comunicado sobre uma delas: "A caixa preta foi recuperada da cauda do avião e foi enviada para a análise de especialistas", disse. Será impossível determinar a causa do acidente até a análise da caixa-preta, acrescentou.
O avião da companhia áerea russa KogalimAvia, mais conhecida como Metrojet, caiu na madrugada deste sábado (31) na península do Sinai, no Egito, e deixou 224 mortos. O voo saiu de Sharm El-Sheikh, cidade no litoral do Egito, e seguia para São Petersburgo, na Rússia.
O ramo egípcio do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) afirmou no Twitter ser o responsável pela queda do avião. Apesar da reivindicação do grupo, uma primeira análise do local do acidente indica que a queda poderia ter sido causada por uma falha técnica.
Segundo uma autoridade do controle do espaço aéreo no Egito, o piloto relatou um problema técnico nos equipamentos de comunicação. Além disso, o ministro russo de Transporte, Maxim Sokolov, disse que a informação não deve ser considerada confiável. O premiê egípcio também disse que acredita não haver atividades "irregulares" por trás.
Uma delegação russa chegou ao aeroporto do Cairo nas primeiras horas deste domingo (1), ainda de madrugada, no horário local. As investigações vão procurar descobrir, entre outras questões, as condições do tempo no momento do acidente, a experiência do piloto, o histórico de manutenção e qualquer evidência de explosão.
Veja o que se sabe até o momento sobre o acidente:
Vítimas
O Airbus A-321 transportava 217 passageiros, entre eles 138 mulheres, 62 homens e 17 crianças, além de 7 tripulantes. Segundo a Reuters, 214 eram russos e três ucranianos. O ministério russo das Situações de Emergência falou de passageiros de 10 meses a 77 anos de idade.
Cerca de 150 corpos foram encontrados em um raio de 5km. Até o momento, 129 corpos foram levados a um necrotério no Cairo.
Local de queda
O avião caiu em uma área montanhosa no centro de Sinai e más condições atmosféricas dificultaram o acesso das equipes de resgate ao local, de acordo com o que a autoridade da segurança egípcia que havia acabado de chegar ao local contou à Reuters.
Cerca de 50 ambulâncias foram enviadas para o local para transportar os corpos a um avião militar, que por sua vez os leva à capital.
"Agora vejo uma cena trágica. Muitos mortos no chão e outros tantos ainda presos em suas poltronas", relatou uma autoridade egípcia ao chegar ao local. Segundo ele, o avião se dividiu em duas partes.
Contato com os radares
O avião perdeu contato com os radares 23 minutos após a decolagem, quando sobrevoava a cidade de Larnaka, informou um porta-voz de Rosaviatsia, a agência de aviação civil da Rússia. O contato foi perdido quando a aeronave estava a 30.000 pés de altitude (9.144 m).
Segundo uma autoridade do controle do espaço aéreo no Egito, o piloto relatou um problema técnico nos equipamentos de comunicação.
Familiares
Amostras de DNA serão coletadas dos parentes dos passageiros que estavam a bordo do avião, conforme informou o comitê de políticas sociais da Rússia.
Parentes dos passageiros estão se reunindo no balcão de informações da Kogalymavia no aeroporto de Pulkovo, em São Petersburgo, com a esperança de obter mais informações. O voo 9268 transportava muitos turistas do resort egípcio de Sharm el-Sheikh.
Equipes de resgate russas
O presidente russo, Vladimir Putin, expressou suas "profundas condolências" às famílias das vítimas e ordenou o envio de equipes de emergência russas para o local da queda. Putin decretou luto nacional no domingo (1º).
Putin falou ao telefone com Abdel Fatah al-Sisi, o presidente do Egito, para discutir a queda do avião russo no país. Al-Sisi ofereceu profundas condolências e prometeu criar condições para uma participação mais ampla possível de especialistas russos na investigação do acidente, segundo o Kremlin.
Investigação
O premiê russo Dmitry Medvedev disse, em mensagem publicada no Twitter, que está profundamente chocado pela queda do avião. "A tragédia será exaustivamente investigada, e as famílias receberão apoio."
Segundo a agência de notícias russa, o ministro da Defesa da Rússia convocou uma reunião de ermergência para discutir a queda do avião. No total, cinco aviões com especialistas em várias áreas estão a caminho do Egito.
O Comitê de Investigação da Rússia lançou um processo criminal contra a companhia aérea Kogalymavia. A agência de notícias RIA informou que o caso será investigado pelo artigo de "violação das regras de voos e preparações".
Como era o avião
Adel Mahgoub, chefe da empresa estatal que controla os aeroportos no Egito, disse que a aeronave passou por um controle técnico antes de decolar do aeroporto de Sharm el-Sheikh.
A Airbus, fabricante do A-321, informou que dará mais informações assim que tiver mais detalhes sobre o acidente. Veja a íntegra do comunicado da empresa:
A aeronave envolvida no acidente, registado sob o número de série EI-ETJ 663, foi produzido em 1997 e desde 2012 operado pela Metrojet. A aeronave tinha acumuladas cerca de 56.000 horas de voo em cerca de 21.000 vôos. Ele foi equipado com motores IAE V2500.
Em conformidade a lei, um grupo de técnicos da Airbus foi destacado para fornecer as informações às autoridades encarregadas da investigação.
O A321-200 é o maior membro da família A320, com capacidade para 240 passageiros. O primeiro A321 entrou em serviço em janeiro de 1994. Até o final de setembro de 2015, cerca de 6.500 aeronaves da família A320 estavam em serviço com mais de 300 operadoras. Até à data, toda a frota já acumulou cerca de 168 milhões de horas voadas em 92,5 milhões de voos.
A Airbus dará mais informações disponíveis assim que os detalhes forem confirmados e liberados pelas autoridades para a divulgação.
Espaço aéreo evitado
Duas das maiores empresas aéreas da Europa, a Lufthansa e a Air France-KLM, decidiram não voar sobre a península do Sinai enquanto esperam esclarecimentos sobre o que provocou a queda do avião.
“Tomamos a decisão de evitar a área porque a situação e as razões da queda não estão claras”, afirmou a representante da Lufthansa, que tem menos de 10 voos diários que cruzam a região. "Continuaremos a evitar a área até ficar claro o que causou a queda."
“A Air France confirma que adotou, por precaução, medidas para evitar voos sobre a zona do Sinai”, informou a porta-voz da empresa.
Fonte: G1