Cidades

Cadeirantes sofrem com falta de acessibilidade em Cuiabá

Pelas ruas do Centro de Cuiabá é possível se observar a falta de planejamento das vias de acesso para as pessoas que passam por lá. Como as calçadas estreitas e esburacadas, com postes e placas mal posicionados que, por vezes, uma criança não é capaz de andar por elas. Agora, imagine um cadeirante neste espaço. Imaginou? 

Sim. Esta é uma triste realidade para quem necessita de uma cadeira de rodas. Diversas entidades do Estado lutam para conquistar espaço para os portadores de necessidades especiais (PNEs) nas ruas, locais como shoppings, estádios, praças e até órgãos públicos.

A presidente da Associação Mato-Grossense de Deficientes (AMDE), Mariley Auxiliadora de Jesus, disse que há uma preocupação por parte de gestores públicos e engenheiros quanto à mobilidade dos cadeirantes nas ruas, no entanto frisa que há falta de consulta por parte deles. 

“Até existe uma certa preocupação de adaptação, há uma boa intenção, mas muitos esquecem de consultar a associação antes. O próprio Crea não consulta a associação antes de fazer as obras. Eles consultam os cadeirantes depois que tudo está pronto para fazer um teste e aí já não adianta mais”.

Segundo ela, novas rampas estão sendo instaladas por diversos cantos de Cuiabá, mas o que poucos se dão conta é que a inclinação destas obras, muitas vezes, acaba não saindo de acordo com a acessibilidade do cadeirante. “Muitos não têm força para subir as rampas que são construídas”.

O funcionário público Paulo Santos, de 43 anos, reclama da situação precária das ruas em relação às pessoas que precisam de mais acesso. Ele, que sofreu paralisia infantil aos 9 meses de idade, disse que sempre precisa da ajuda de um terceiro para se locomover.

“A situação é precária. A prefeitura arrumou o asfalto, mas não o adaptou para os cadeirantes. Quando eu tento atravessar a rua, fica aquele buraco antes da rampa, daí eu sempre tenho que pedir ajuda a alguém, se não eu caio”.

Ele ainda falou sobre as instalações de placas nas calçadas da cidade. “Recentemente a SMTU instalou placas de sinalização na cidade, só que eles as colocaram no meio da calçada. Não dá para um cadeirante passar, porque não tem espaço suficiente. Aí fica complicado”.

O presidente do Conselho Estadual do Direito de Pessoas com Deficiência, Marcione Mendes, disse que já sofreu um acidente devido ao mau planejamento das vias. “Uma vez eu caí em uma praça pública, pois a roda da frente da minha cadeira prendeu no asfalto antes de eu chegar à rampa. Aí, precisei da ajuda de outra pessoa para voltar à cadeira. Já aconteceram outras situações constrangedoras também e sempre preciso de auxílio dos outros para me locomover pela cidade”.

Noelisa Andreola

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