Opinião

CACÁ DIEGUES: “AS TRÊS RAÇAS TRISTES”

Cacá Diegues, um dos maiores nomes do cinema brasileiro nos deixa… Nos deixa uma filmografia sobre o Brasil. Sobre o Brasil dos brasileiros. Sua vasta obra cinematográfica deveria estar obrigatoriamente em todas salas de aula do ensino Fundamental e Médio. Esta crônica, então com o título de Três raças alegres, foi escrita para a coluna Terra Brasilis do jornal Circuito Mato Grosso, em 19 de dezembro de 2013, a última desse ano. Em referência, reproduzo, a seguir:

Pela primeira vez esta coluna apresenta-se tecida na primeira pessoa do singular. Sinto-me à vontade para, neste percurso, estar com o alagoano que logo-logo virou carioca, Cacá Diegues. Particularmente, o cineasta me parece muito próximo, até mesmo um conhecido de longa data porque se deixou ver por sua gloriosa obra cinematográfica que mostra em suas películas quilométricas que o Brasil é singular por ser plural.

Fim de ano! Balanço das marcas do que ficaram, sejam elas alegres, sejam elas tristes. Mas esqueçamos as últimas, mesmo que temporariamente, até que os pisca-piscas se apaguem. Em um jornal carioca, Cacá Diegues, em sua última crônica de 2013, escreveu: Precisamos recuperar nossa alegria de viver, nossa herança das três raças tristes. As três raças tristes referendadas pelo cineasta dizem respeito ao indígena, ao português e ao africano que deram cores, formas e sons ao Brasil quinhentista e que, com outras cores, outras formas e outros sons emolduram os dias de hoje. Mas, como profetizou Michel de Certeau (1925-1986), que façamos a cultura brasileira uma cultura no plural para que todos tenham a coragem de lançar mão da cultura comum para fugir de seus amos, sonhar com a felicidade, enfrentar a violência, povoar as formas sociais de saber, insinuar-se na escola e na universidade, dar nova forma ao presente e realizar essas viagens do espírito sem as quais não há liberdade.

Que a liberdade possa entremear-se com a justiça para que todos, indistintamente, alcancem com dignidade seus direitos universais e conquistem suas existências com igualdade. Será comovente vermos as três raças tristes se miscigenarem na alegria.

Deus é brasileiro (2002). Vamos pegar Um trem para as estrelas (1987) porque Dias melhores virão (1989) e bons ventos levarão as Chuvas de verão (1978). Bye Bye Brasil (1980), até Quando o carnaval chegar (1972).

Foto Capa: Reprodução/Bye Bye Brasil (1980)

Anna Maria Ribeiro Costa

About Author

Anna é doutora em História, etnógrafa e filatelista e semanalmente escreve a coluna Terra Brasilis no Circuito Mato Grosso.

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