Internacional

Brasileiro viaja para 10 “países que não existem” e lança guia

Guilherme Canever com dois moradores da Ossétia do Sul (Foto: Guilherme Canever/arquivo pessoal)

Para a ONU, a Transnítria, a Ossétia do Sul, a Abecásia, a Somalilândia e a República de Nagorno-Karabakh são países que não existem oficialmente. Mas o brasileiro Guilherme Canever, de 39 anos, foi até esses lugares e garante que eles são bem reais.

Canever viajou por dez países que, apesar de autônomos, não são reconhecidos como tal pela lista das Nações Unidas – que atualmente tem 193 membros. Engenheiro florestal e autor de um blog e de outros livros sobre viagem, ele reuniu relatos dessa experiência no recém-lançado “Uma viagem pelos países que não existem” (Pulp, 142 págs., R$ 49).

Além dos cinco lugares citados acima, fizeram parte do roteiro o Chipre do Norte, o Saara Ocidental, Kosovo, Palestina e Taiwan. As viagens foram feitas entre 2009 e 2014, em etapas diferentes.

O interesse de Canever pelo tema surgiu quando ele fazia uma volta ao mundo com sua mulher e decidiu conhecer a Somalilândia, que ficou independente da Somália em 1991. “Eles têm presidente próprio, visto, moeda, tudo diferente da Somália, mas não são reconhecidos por nenhum outro país. Quando fui, fiquei muito surpreso, era praticamente um universo paralelo”, conta ele, que depois disso visitou a Palestina e o Saara Ocidental e, em outra viagem, passou pelos demais países da lista. “Isso mexeu muito comigo, toda essa questão de como a falta de reconhecimento reflete no dia a dia das pessoas”, completa.

O livro traz informações sobre a posição do governo brasileiro em relação a cada país, orientações sobre vistos de entrada, contextualização histórica e dicas de lugares e atrativos turísticos que podem ser visitados. No final, há alguns capítulos dedicados a regiões autônomas que já foram independentes ou gostariam de tornar-se, como Tibete, Caxemira e Curdistão.

Canever conta que foi difícil se informar com antecedência sobre atrações, transporte e hospedagem. “Mesmo em guias de viagem, as informações não são atualizadas. Em muitos casos não consegui hotel pela internet, então fui sem reservar nada. Só de encontrar hospedagem era uma aventura. Às vezes só tinha uma placa em alfabeto cirílico”, lembra.

Para obter algumas diretrizes, o brasileiro foi atrás de dicas em fóruns de viajantes e com moradores desses países que ele contactou pelo site Couchsurfing.

Praias desertas e sítios arqueológicos
Com exceção de alguns casos, como Palestina e Kosovo, Canever não encontrou muitos outros turistas em sua jornada. Por isso mesmo, a presença de um brasileiro chamava a atenção. “As pessoas perguntavam: por que você escolheu vir para cá? Elas se surpreendiam, mas ficavam muito contentes e queriam mostrar o melhor do seu país. Essas divisões todas acabam gerando um grande nacionalismo, então eles querem mostrar que o lugar deles é bonito, querem ser hospitaleiros”, diz.

Em seus passeios, ele acabou encontrando lugares surpreendentes – caso das pinturas rupestres de Laas Geel, na Somalilândia. “É um lugar incrível, com cavernas no meio do deserto. Se ficasse em qualquer outro país, estaria cheio de turistas, mas só estávamos nós”, afirma.

O brasileiro destaca também as praias desertas e os sítios arqueológicos do Chipre do Norte, os monastérios no meio das montanhas da Abecásia (que se declarou independente da Geórgia) e de Nagorno-Karabakh (uma república autônoma dentro do Azerbaijão), a arquitetura dos edifícios no Kosovo e os cânions da Palestina, além das conhecidas atrações históricas de lá.

As políticas de entrada para brasileiros diferem entre os países visitados por Canever. Em alguns deles, como na Transnístria (que tem seu território dentro da Moldávia) e em Kosovo, basta carimbar o passaporte na entrada. Outros, como a Somalilândia ou na Ossétia do Sul (também separada da Geórgia), exigem visto ou carta de autorização prévia.

O grau de segurança nesses lugares também varia. “Existem regiões completamente seguras. A capital de Nagorno-Karabakh, Stepanakert, é toda florida, tem Wi-Fi gratuito nas praças. Já a Ossétia do Sul é o país mais tenso dessa lista. Mas, em todos eles, basta saber onde você está pisando. Todo mundo sabe onde ficam os lugares perigosos, é só não ir lá”, afirma.

No geral, Canever gostou da experiência e recomenda a viagem: “Dificilmente alguém vai sair do Brasil só para ir até esses países. Mas, para quem está viajando na região, vale a pena conhecer”.

Fonte: G1

Redação

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