“Vaso ruim não quebra”, postou nesta sexta-feira (1º) em seu perfil no Facebook o brasileiro Rafael Marques Lusvarghi, que desde setembro do ano passado luta na guerra da Ucrânia. A mensagem é uma resposta aos amigos do ativista e ex-policial militar de São Paulo que perguntaram se ele está bem após ter sido ferido durante confronto em aeroporto de Donetsk.
Rafael também deu uma entrevista falando em russo a uma emissora de TV. Nas imagens, reproduzidas na quinta-feira (30) no YouTube, o ativista aparece sobre uma cama de hospital e diz que foi ferido após o exército ucraniano não respeitar um cessar-fogo. Ele ainda sorri na conversa.
Fotos do brasileiro deitado na maca e dos ferimentos que sofreu também foram publicadas no seu Facebook. Segundo amigos de Rafael na web, ele foi ferido no tronco, pernas e braços durante uma ação num aeroporto. Eles relataram que o ativista teria sido atingido por tiros ou estilhaços de bomba. Outros escreveram que o ativista teria fugido ou fugiu do hospital por ter se recuperado dos ferimentos.
Conhecido inicialmente no Brasil por ter ficado 45 dias preso na capital paulista acusado de atos violentos durante a Copa do Mundo de 2014, Rafael foi solto sem provas e se juntou às forças rebeldes ucranianas pró-Rússia.
"Dei uma passadinha em Valhalla pra tomar um hidromel com os parsa que já se foram, e já voltei pra matar muitos inimigos. Galera, vaso ruim não quebra e ainda há muito zoeria pra ser zoada. HEILSA! (sic)”, escreveu Rafael no seu Facebook.
Ele ainda colocou a imagem de uma armadura e a inscrição: ‘It´s a flesh wound’, algo como "é só uma ferida na carne", em uma tradução livre do inglês para o português.
O G1 tentou entrar em contato com Rafael pelas redes sociais e com seus familiares por telefone, mas não obteve respostas. Ele atualmente se intitula na rede social como 1º tenente da Milícia Popular de Donbass, grupo militar que prega a separação do leste da Ucrânia.
Brasileiros em luta
Além de Rafael, outros brasileiros integram um grupo criado para arregimentar combatentes pró-Rússia.
“A Frente Brasileira de Solidariedade com a Ucrânia (que apesar do nome é pró-Rússia) e da Brigada Continental, braço armado da organização Unidade Continental, movimento que é a síntese entre as Forças Armadas da Colômbia e o Hezbollah", escreveu ele em entrevista por e-mail ao G1 no ano passado.
Em 2014, a Justiça de São Paulo absolveu Rafael das acusações de liderar protestos com depredações portando explosivos. Além dele, o estudante Fabio Hideki Harano, que também ficou detido pelos mesmos crimes, foi solto e inocentado.
Os dois tinham sido apontados como lideranças do movimento Black Bloc, que prega a destruição do patrimônio público como forma de manifestação. Rafael e Fábio sempre negaram as acusações.
Lusvarghi: fã de mitologia e combates
Devorador de livros sobre os vikings, Rafael Lusvarghi tem a palavra "berserk" tatuada no braço, numa alusão a guerreiros da mitologia nórdica.
Em 17 de junho, se submeteu a uma escarificação (técnica que consiste em cortar a pele para deixar uma cicatriz) num estúdio de tatuagem enquanto a seleção brasileira empatava com a mexicana. Decidiu fazer uma cicatriz no rosto inspirada em personagens como o guerreiro Leonidas, do filme 300.
Fonte: G1