Supercomputador Santos Dumont, do Laboratório Nacional de Computação Científica, de Petrópolis (RJ). (Foto: Divulgação/LNCC)
Alguns dos supercomputadores mais rápidos e potentes em operação estão no Brasil, o que faz do país ser o 10º no mundo com a maior quantidade de máquinas de alto desempenho, aponta o ranking Top 500, divulgado nesta terça-feira (17).
A lista reúne computadores velozes a ponto fazer milhões de milhões de cálculos enquanto você nem terminou de piscar os olhos. As seis máquinas brasileiras da lista não são nenhum modelo dos diversos laptops, tablets ou smartphones presentes nas prateleiras de lojas varejistas. Nem são vendidos pela bagatela de milhares de reais paga por eles.
Além de pertencerem a institutos de pesquisa e à indústria, os supercomputadores brasileiros custam milhões. Três deles são do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis (RJ), um do Cimatec, em Salvador (BA), um do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe), de São Paulo (SP), e um da Petrobras.
Supercomputador do Cimatec, em Salvador (Foto: Angelo-Pontes/ Sistema Fieb)
Apesar de serem os únicos da América Latina listado, nenhum deles figura entre os cem melhores. O Brasil já chegou a estar na elite da elite mundial, quando o Inpe instalou em 2010 o Tupã, supercomputador classificado naquele ano no 29º posto — hoje, também figura na lista mas no 476º lugar.
O critério dos cientistas do Laboratório Nacional de Berkeley, Universidade do Tennessee e da Prometeus, que elaboram o ranking, é a capacidade de executar cálculos. Máquina brasileira mais bem posicionada, na 200º posição, o Santos Dumont GPU, do LNCC, é capaz funcionar a 456 TFlops teraflops, equivalente a 456 trilhões de cálculos de ponto-flutuante por segundo (trocando em miúdos: contas de soma e subtração por segundo).
Para se ter ideia do que isso representa, ele é 4.560 mil vezes mais rápido que um computador de mesa em bom estado, que opere em torno de 100 GFlops (100 bilhões de operações por segundo). Não é tão rápido quando comparado ao "Usain Bolt dos circuitos integrados". Primeiro da lista, o Tianhe-2, da Universidade Nacional de Tecnologia para a Defesa, da China, pode rodar a 33.862 TFlops, ou seja, é 3,3 milhões de vezes mais ágil que um desktop.
“Aqui, o nosso principal problema é esse: estamos em 10º, mas, do ponto de vista de performance, estamos atrás de vários países”, afirma Pedro Dias, diretor do LNCC.
O comentário de Dias nem faz menção a Estados Unidos e China, que possuem respectivamente 199 e 109 supercomputadores na lista. O diretor faz referência a países como Austrália, Polônia, Suíça e Itália, com poucos representantes no ranking mas que são mais potentes.
Segundo ele, se fosse pela demanda, o Brasil deveria estar entre os vinte do mundo
Uso
Supercomputadores são usados para simular perfurações em campos de petróleo, como o pré-sal, criar novos fármacos antes de serem testados em laboratórios e analisar informações de sequenciamento genético.
Por ser híbrido, ou seja, capaz de não só processar grandes massas de informação, mas de forma rápida e com grande memória, o Santos Dumont foi “fatiado” para entrar na lista. Cada um desses módulos foi incluído em postos diferentes do Top 500. Somados, conferem capacidade de 1.141 TFlops.
Ao custo de R$ 60 milhões, o Santos Dumont entrará em operação plenamente em 2016. Inicialmente, vai ajudar a Fiocruz a elaborar novos medicamentos, a Coppe-UFRJ a analisar como a areia se deslocará durante as perfurações do pré-sal e o Inpe na previsão do tempo. No que vem, o time do Brasil será reforçado por um novo supercomputador do Inpe.
Fonte: G1