Cidades

Brasil cai três posições em índice de proficiência em inglês

O Brasil ficou na 41ª posição na edição 2015 do Índice de Proficiência em Inglês (EPI, na sigla em inglês) da EF Education First, empresa de educação internacional especializada em intercâmbio, e divulgado nesta quarta-feira (4). Feito anualmente, o levantamento mede o dominío de gramática, vocabulário, leitura e compreensão de adultos que não têm inglês como língua nativa. Na edição de 2015, foram analisados dados colhidos em 2014 com 910 mil adultos de 70 países. A pontuação do Brasil foi de 51,05, o que o deixa na categoria de "proficiência baixa".

Na edição anterior, que incluiu a participação de 60 países, o Brasil tinha uma pontuação mais baixa (49,96), mas atingiu a 38ª colocação.

Em entrevista ao G1, Enio Ohmaye, diretor de tecnologia da EF, explicou que a queda do Brasil tem relação específica com alguns países: dois deles (Luxemburo e Lituânia) participaram do índice pela primeira vez neste ano, e sua estreia foi em posições acima da brasileira.

Além disso, o Brasil conseguiu superar dois países: China e Emirados Árabes Unidos. Porém, outros três países que estavam abaixo no índice de 2014 passaram na frente dos estudantes brasileiros: Ucrânia, que saltou dez posições e entrou na categoria de "proficiência moderada", Chile, que foi da 41ª posição para a 36ª, e México, que estava na 39ª posição e caiu para a 40ª, mas ficou uma acima do Brasil nesta quinta edição do levantamento.

Apesar da oscilação durante os últimos anos, o especialista nota uma curva de ascendência, embora pequena, nos gráficos que mostra a evolução do Brasil no índice.

Neste ano, pela primeira vez três países passaram dos 70 pontos e dividem o pódio. No total, o mundo tem nove países com proficiência "muito alta" em inglês, e nova com proficiência "alta.

O levantamento também leva em conta a fluência regional da língua. No caso do Brasil, essa foi a primeira vez que o Distrito Federal ficou em primeiro lugar, com um índce local de 54.17. Em seguida vem São Paulo, com índice de 53.06. Os dois estados são os únicos a entrar na categoria "proficiência moderada". Rio de Janeiro ficou com a terceira colocação, com 52.49.

Oportunidade perdida
Para Ohmaye, o Brasil conseguiu ter um bom desempenho na recepção de visitantes durante a Copa de 2014 em termos de domínio de inglês por parte dos funcionários do ramo turísticos.

Na Olimpíada de 2016, ele prevê que ocorrerá o mesmo. Porém, isso se deve graças aos investimentos localizados nos setores diretamente envolvidos nos grandes eventos – Para os Jogos do Rio, a própria EF afirma ter oferecido treinamento a cerca de um milhão de pessoas.

"Uma coisa que observo, olhando em nível global, é que aquilo que obtém maior impacto no nível de educação e proficiência de inglês é a política de ensino", explicou ele. "O pessoal que os estrangeiros vão encontrar vão estar preparados. Aí eles voltam para casa e vai ser a mesma coisa. Foi a mesma coisa que aconteceu na Rússia, em Sochi", disse, lembrando dos Jogos Olímpicos de Inverno.

Alguns exemplos destacados pelo diretor da EF são a Polônia, a Malásia, Hong Kong e a China.

Exemplos positivos e negativos
O país do leste europeu segue entre os dez com maior índice de proficiência. "A Polônia tem uma história interessante. Em 1999, eles decidiram que não queriam ficar atrás no mundo que estava se globalizando, então decidiram que o currículo seria ensinado em inglês nas escolas. Isso você vê no ranking desse ano, uma posição muito alta para um país que sofreu muito."

Segundo ele, Hong Kong, que teve colonização dos ingleses, e onde o inglês é uma das línguas oficiais, é um exemplo do outro lado da moeda: em 2013, o país chegou a ocupar a 22ª colocação, mas, no ano seguinte, despencou para a 31ª, e neste ano está na 33ª posição. "Hong Kong tinha uma política de ensino que enfatizava o inglês, mas começaram a achar que o mandarim era o mais importante, e você viu o impacto que isso teve na fluência de inglês do país", disse ele.

Ohmaye lembra, porém, que o caso do Brasil é mais complexo. "Quando países como Singapura, mesmo a Polônia, definem uma política de ensino, é muito mais fácil implementar com 5 milhões de habitantes do que com 200 milhões", explica.

"A China também passou a deenfatizar o inglês no ensino, aí você começa a ver o impacto que isso tem", lembra Ohmaye. É o caso da Malásia, também, apontou ele. "A Malásia em 2002 decidiu que ciência e matemática seriam ensinadas em inglês. Em 2012, decidiram relaxar as regras, disseram que pode ensinar em malaio. Vai ser interessante ver o impacto que isso vai ter na Malásia."

O fato de o Brasil ter ultrapassado a China é um bom sinal para o diretor, mas ele lembra que, embora na Polônia seja mais simples implementar políticas do que no Brasil, na China, que tem 1,3 bilhão de habitantes, há muito mais dificuldade, mas o governo consegue resultados surpreendentes. Ohmaye lembra que, para um americano aprender chinês, são necessárias cerca de 4 mil horas de aulas. Já o contato entre o português e o inglês é muito mais próximo e, por isso, seria mais fácil para o Brasil ensinar a língua aos habitantes.

Tecnologia e educação
O especialista afirma que algumas políticas se mostram certeiras no ensino do inglês, e que a tecnologia entra como parte fundamental para garantir a equidade e a qualidade do ensino.

Os usos das tecnologias de informação e comunicação (TICs), se aplicadas adequadamente, podem, para Ohmaye, proporcionar aos estudantes com menos recursos experiências como as do intercâmbio, para facilitar a imersão e o acesso à cultura. Outra ferramenta imprescindível é o uso das tecnologias para capacitar mais professores.

Para melhor avaliar a infra-estrutura das TICs, neste ano, pela primeira vez, o índice leva em conta também outros fatores estruturais dos países participantes, incluindo a taxa de penetração da internet na população local (no Brasil, ela é de 51,6%), a média de anos escolares, que aqui é de 7,2 anos de ensino regular, e os gastos com educação (14,6% do total, segundo o levantamento).

Ohmaye afirma, também que o espírito de inovação tecnológica, embora não tenha impacto direto no aprendizado do inglês, também pode incentivar mais o ensino da língua. Ele cita a correlação entre o índice de inovação global da Universidade Cornell e o EPI 2015: "As principais posições se repetem. Não dá para dizer que um provoca o outro, mas há uma correlação", disse ele.

Fonte: G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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