Em Mato Grosso há deputados estaduais que são grandes fornecedores de produtos e serviços para o Poder Público. Um deles é o megaempresário da construção civil Ondanir Bortolini, o Nininho (PR). A construtora Tripolo Ltda, que está em nome de um de seus filhos, faturou nada mais nada menos que R$ 450,19 milhões do governo do Estado de janeiro de 2007 a abril de 2017.
Os contratos da Construtora Tripolo Ltda, que tem sede no município de Rondonópolis, começaram tímidos em 2007, primeiro ano do segundo mandato de Blairo Maggi (PP), quando os pagamentos, de acordo com o Sistema Integrado de Planejamento, Contabilidade e Finanças (Fiplan), totalizaram R$ 598.286,00 à empreiteira.
Em 2008 o valor faturado pela Tripolo duplicou, subindo para R$ 1,27 milhão, soma que subiu 16 vezes em 2009, quando os pagamentos chegaram a R$ 20,59 milhões, soma semelhante ao faturado em 2010, que foi de R$ 20,2 milhões.
A construtora da família de Nininho seguiu faturando alto no governo de Silval Barbosa, eleito pelo PMDB em 2010. No seu primeiro ano de mandato, em 2011, Silval pagou R$ 16,53 milhões à Tripolo, R$ 19,45 milhões em 2011 e R$ 19,45 milhões em 2012.
Os valores subiram de forma astronômica em 2013, quando o repasse foi de R$ 71,34 milhões, chegando a R$ 130,67 milhões em 2014. Já no governo atual, de Pedro Taques (PSDB), os pagamentos foram de R$ 54,45 milhões em 2015, R$ 54,76 milhões em 2016 e R$ 56,41 milhões nos primeiros quatro meses de 2017.
Um dos contratos da Construtora Tripolo assinado em 2014 foi decorrente da Concorrência Pública nº 019/2014, realizada pela então Secretaria de Estado de Transporte e Pavimentação Urbana, a STPU, hoje Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra).
A Tripolo foi contratada para realizar serviços de implantação e pavimentação da Rodovia MT-110, no trecho do entroncamento da BR-364 ao entroncamento da BR-070, divisa de General Carneiro, Tesouro e Guiratinga. O valor do contrato foi de R$ 48.255.592,78.
Na eleição de 2014, Nininho declarou ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) que seu patrimônio é de pouco mais de R$ 2 milhões.
CONSTRUTORA TRIPOLO – GOVERNO DO ESTADO
2007 – 2017
ANO |
PAGAMENTOS (R$) |
2007 |
598.286,00 |
2008 |
1.277.702,00 |
2009 |
20.599.359,00 |
2010 |
20.227.848,00 |
2011 |
16.531.509,00 |
2012 |
19.453.661,00 |
2013 |
71.346.940,00 |
2014 |
134.526.598,00 |
2015 |
54.451013,00 |
2016 |
54.764.583,00 |
2017 |
56.417.005,00 |
TOTAL |
424.662.995,00 |
Fonte: Fiplan/Governo de Mato Grosso
Nininho também é dono do pedágio mais caro de MT
O deputado Ondanir Bortolini também é proprietário da empresa Morro da Mesa, que desde 2012 detém a concessão do trecho da MT-130, que liga Primavera do Leste a Rondonópolis.
Coincidência ou não, o parlamentar compõe a Comissão de Infraestrutura Urbana e Transporte da Assembleia Legislativa.
Ao longo de 122 km, a empresa instalou duas praças de pedágio. Este é o trecho de pedágio mais caro de Mato Grosso. Desde 2012, a Morro da Mesa recebeu R$ 8 milhões e deve investir R$ 120 milhões até o final do contrato de concessão, que se encerra em 28 anos.
Por conta de irregularidades na manutenção das estradas, como ausência de sinalização, falta de duplicação em alguns trechos, mato alto em pontos do acostamento e publicidade enganosa, o Procon de Rondonópolis, que recebeu cerca de 50 reclamações em 2013, multou a concessionária em R$ 3 milhões.
Botelho venceu diversos certames na gestão de Mauro Mendes
Quem também fatura alto com contratos públicos é o atual presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, deputado Eduardo Botelho (PSB). Além de ser proprietário de uma empresa de ônibus que, sem licitação, explora o transporte intermunicipal entre Cuiabá e Várzea Grande, é sócio da Construtora Nhambiquara.
Em 2012 o prefeito Mauro Mendes, do mesmo partido de Eduardo Botelho, firmou contrato (nº 7731) com a Construtora Nhambiquaras no valor de R$ 23 milhões para "execução de serviços de gestão de sistema e obras de engenharia elétrica com serviços de manutenção e ampliação no município de Cuiabá".
Em novembro de 2015, Mauro Mendes aditou o referido contrato em R$ 12 milhões. Os valores, segundo a Prefeitura, se referem a serviços realizados entre os meses de outubro de 2014 e setembro de 2015. Curiosamente, o segundo e o terceiro aditivos foram publicados pela Prefeitura sem os valores repassados à empreiteira.
Já no mês de novembro de 2016, a Prefeitura de Cuiabá, a menos de um mês do fim do mandato do então prefeito Mauro Mendes, publicou contrato no valor de R$ 13,7 milhões para obras de asfaltamento de ruas da capital.
Uma das empresas vencedoras do certame foi a Construtora Nhambiquaras, de acordo com publicação do resultado da concorrência pública nº 14/2016 no Diário Oficial de Contas do dia 22 de novembro.
Do objeto do contrato, assinado pelo ex-secretário de Gestão, Eroaldo de Oliveira, constava a contratação de pessoa jurídica para execução dos serviços de pavimentação e drenagem de águas pluviais nos bairros: Nova Esperança I, Nova Esperança III e trecho das ruas 01, 02, 09, 10 e 11 do Jardim Industriário; além de diversas ruas do Jardim Imperial.
Outras empresas que também venceram lotes foram a Construtora Affonseca S.A e a Geosolo Engenharia.
Na eleição de 2014, Botelho declarou ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) que seu patrimônio é de pouco mais de R$ 7 milhões.
Nhambiquaras leva contrato de R$ 23 milhões em Várzea Grande
Em novembro de 2016, a Prefeitura de Várzea Grande fechou contrato de R$ 23 milhões com a Construtora Nhambiquaras. O contrato assinado com a prefeita Lucimar Campos (DEM) prevê a duplicação da via.
A obra foi lançada no início de dezembro e prevê 10 quilômetros entre duplicação e pavimentação de acessos a diversos bairros e está entre as maiores intervenções de mobilidade urbana em execução em Mato Grosso.
“Teremos não apenas a duplicação mas também ciclofaixa, pista de caminhada, iluminação em LED, canteiro central, calçamento, entre outros benefícios”, anunciou a prefeita Lucimar Campos.
A administração municipal pretende impedir que uma nova parte da cidade de Várzea Grande, o Grande São Mateus, seja seccionado como aconteceu com o Aeroporto Marechal Rondon em relação ao Grande Cristo Rei.
Segundo Rômulo Botelho, sócio do deputado Eduardo Botelho na Construtora Nhambiquaras, a obra tem estimativa de dois anos para ser concluída.
R$ 53,55 milhões do Estado
Também de acordo com o Sistema Integrado de Planejamento, Contabilidade e Finanças (Fiplan), a Construtora Nhambiquaras já recebeu R$ R$ 51,98 em contratos com o governo do Estado no período de 2007 a 2017.
CONSTRUTORA NHAMBIQUARAS – GOVERNO DO ESTADO
2007 – 2017
ANO |
PAGAMENTOS (R$) |
2007 |
866.926,00 |
2008 |
1.441.780,00 |
2009 |
2.732.673,00 |
2010 |
421.978,00 |
2011 |
553.157,00 |
2012 |
8.094.207,00 |
2013 |
7.778.438,00 |
2014 |
10.265.650,00 |
2015 |
5.899.253,00 |
2016 |
4.908.456,00 |
2017 |
10.595.550,00 |
TOTAL |
53.558.068,00 |
Fonte: Fiplan/Governo de Mato Grosso