Zé Guajajara, como é conhecido, estava recebendo alimentos e água içados por manifestantes através de uma corda. Urutal era o último manifestante no terreno do antigo Museu do Índio, depois que o Batalhão de Choque retirou os demais índios que haviam ocupado o local no domingo (15). Após a operação de ontem (14), o grupo foi levado para as delegacias da Praça da Bandeira e São Cristóvão, e autuados por resistência. Todos foram liberados após prestarem depoimento.
Quatro bombeiros subiram na árvore para retirar o último manifestante. Apesar da resistência, José Urutal Guajajara, de 54 anos, foi preso e levado à força uma ambulância do Corpo de Bombeiros, que estava em frente ao prédio. O Batalhão de Choque usou spray de pimenta para dispersar os manifestantes que impediam a saída do veículo. O comando do Batalhão de Choque e do Corpo de Bombeiros ainda não se pronunciaram sobre a retirada do manifestante.
O advogado dos indígenas da Aldeia Maracanã, Arão da Providência Filho, informou que os policiais e os bombeiros agiram ilegalmente, já que a ordem judicial de reintegração de posse por parte do governo, expedida em março, foi suspensa em agosto. Ele disse ainda que a única reivindicação do indígena para descer da árvore era o cumprimento da decisão da 7ª Vara Federal do Rio sobre uma ação civil ajuizada ontem (16) pelo advogado Arão, pedindo a reintegração de posse do terreno para os índios.
“Eles [comandante do bombeiro e da polícia] querem tirar [o índio] de qualquer jeito. Não tem ordem para tirar [os índios] do prédio. Eles invadiram sem decisão judicial. O que está havendo aqui no estado do Rio de Janeiro é o aparato militar intervindo em greve, nos movimentos sociais. Não respeitam nenhuma garantia constitucional”, disse o advogado.
Aproximadamente 50 manifestantes acompanharam o protesto de Zé Guajajara em frente ao antigo Museu do Índio cantando músicas e exibindo cartazes de apoio. Todos passaram a noite próximos a árvore onde o índio estava. Com a retirada do índio, os manifestantes também saíram da frente do prédio, mas policiais do Batalhão de Choque permanecem fazendo um cerco ao local.
Agência Brasil