O Corpo de Bombeiros busca quatro pessoas desaparecidas que podem estar nos escombros do edifício Wilton Paes de Almeida, que pegou fogo e desabou no Largo do Paissandu, no Centro de São Paulo.
Além de um morador chamado Ricardo, que quase foi resgatado durante o incêndio e caiu no momento do desabamento, outro morador do prédio falou que três parentes dele estariam no edifício e não foram localizadas até o momento.
O vendedor Antônio Ribeiro Francisco, de 42 anos, disse que busca informações sobre a ex-mulher dele, Selma Almeida da Silva, e os dois gêmeos filhos dela, que moram no prédio. Ele havia conversado com Selva por telefone por volta das 21h de segunda-feira (1).
"Ela disse que estava cansada e queria dormir. Depois, não falei mais com ela", disse Francisco. que enviou mensagens ao celular dela e não obteve resposta.
Ao todo, 49 moradores do prédio e que estavam no cadastro da Prefeitura ainda não foram localizados após o desabamento. Não se sabe se eles estavam ou não no edifício durante o acidente.
Dentre os quatro desaparecidos está o homem que ia ser resgatado no momento da queda. Um bombeiro que tentou retirá-lo disse que, se tivesse mais 30 ou 40 segundos, teria conseguido salvá-lo. "Ele dizia: 'Me tira daqui por favor', e eu respondi: 'Calma, confia em mim'", lembra o sargento Sargento Diego.
O prédio era ocupado por 372 pessoas, de 146 famílias, segundo o Corpo de Bombeiros. De acordo com a prefeitura, 320 pessoas foram cadastradas como desabrigadas após o desabamento e 40 delas buscaram atendimento na assistência social.
Sem condições de uso
O prédio que desabou não tinha condições mínimas de segurança contra incêndio, segundo relatório da Prefeitura obtido com exclusividade pela TV Globo. O documento foi finalizado pela Secretaria Municipal de Licenciamento em 26 de janeiro do ano passado.
Veja o que o documento indicou:
Ausência de extintores;
Sistema de hidrantes inoperante;
Ausência de mangueiras;
Ausência de luzes de emergências;
Ausência de sistema de alarme;
Instalações elétricas irregulares: fios sem isolamento adequado e expostos, além entrada de energia improvisada;
Elevadores inoperantes e fechados por tapumes;
Ausência de corrimões nas escadas;
Instalações do sistema de para-raios não puderam ser avaliadas, pois acesso estava bloqueado.
O Ministério Público (MP) recebeu o relatório, mas decidiu arquivá-lo.
Imagens do cinegrafista Abiatar Arruda mostram que os bombeiros tentavam resgatar um morador na hora que o prédio desabou (veja vídeo acima). Ricardo, de cerca de 30 anos, teria saído do prédio quando o fogo começou, mas voltou para ajudar pessoas que estavam nos andares mais altos.
Investigação
O boletim de ocorrência aberto nesta quarta-feira (2) tem apenas o depoimento dos policiais militares que combateram o incêndio. Por enquanto são só suspeitas.
"A primeira linha de investigação é que foi um acidente doméstico”, disse o secretário da Segurança Pública, Mágino Alves. “O inquérito policial vai ouvir as pessoas que estavam no prédio. Já existem algumas informações.”