O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira que está “forçando um pouco a barra” para a equipe econômica aceitar sua proposta de isentar do Imposto de Renda (IR) quem ganha até R$ 5 mil.
Ele disse também que a reforma administrativa, prevista pela equipe econômica e que vai mudar as regras para novos funcionários públicos, tem que ter a dosagem correta para não virar “veneno”.
Em entrevista ao GLOBO no domingo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o presidente Bolsonaro apoia as reformas. Sobre o adiamento da proposta que muda as regras para servidores públicos, Guedes disse que o problema era o “timing”.
“É falso dizer que o presidente não apoia a reforma administrativa, por exemplo. É timing político”, disse Guedes.
Nesta segunda-feira, porém, Bolsonaro que é preciso tomar cuidado com a “dosagem” da reforma administrativa para que ela não se transforme em um “veneno”. E afirmou que a equipe econômica entendeu sua decisão de adiar o envio da reforma.
“A questão da administrativa é (uma) questão do tempo. Temos que saber a dosagem, porque às vezes um remédio muito forte pode transformar-se em um veneno. E essa preocupação existe, a equipe econômica entendeu” — afirmou.
Na entrevista, Bolsonaro falou ainda que mantém seus planos de ampliar os limites de isenção do Imposto de Renda. Disse, porém, que não vai “constranger” seus subordinados e que espera que seus argumentos sejam aceitos.
Hoje, o limite de isenção é de R$ 1.903,98. A proposta de isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil foi feita durante a campanha eleitoral. Na entrevista, Bolsonaro afirmou que pretende cumpri-la até o final do mandato, e que para esse ano trabalha para que o limite chegue “próximo aos 2 (mil reais)”.
“Tem o que eu queria fazer e o que pode ser feito. Gostaria de entregar no meu governo, por exemplo, quem ganhasse até 5 mil reais, equivalente a cinco (salários) mínimos, ficasse isento do imposto de renda. Estou trabalhando para que esse ano a gente chegue próximo aos 2 (mil reais). Pessoal pode reclamar: “Só 2, prometeu 5?”. Eu prometi 5, espero cumprir até o final do mandato”.
O presidente admitiu, no entanto, que a proposta tem encontrado resistências dentro da equipe econômica e da Receita Federal:
“Tem reação por parte da equipe econômica? Tem, óbvio que tem. Tem por parte da Receita? Tem. E isso daí em parte estou forçando um pouco a barra, mas não vou constranger a equipe econômica, muito menos a Receita Federal. Acredito que meus argumentos sejam ouvidos por parte deles, apesar de eu não entender de economia”.
Na mesma entrevista, o presidente disse que a taxa Selic deve chegar a 4,5% ao ano.
Sobre a reforma administrativa, Bolsonaro afirmou ainda que está “perfeitamente alinhado” com o ministro da Economia, Paulo Guedes. Bolsonaro disse que, enquanto a equipe econômica pensa em “números”, ele cuida da “parte social e política”.
“Eu sei que lá o pessoal pensa muito em números, mas na parte social e política, fica para o meu encargo. Assim como ouço o Paulo Guedes, 90% do que ele fala, ele me ouve 90% a minha posição política. Estamos perfeitamente alinhados no tocante a isso daí”.
Com a reforma administrativa, o governo quer reduzir o que considera privilégios de algumas categorias de servidores e cortar as despesas com pessoal, o segundo maior gasto do Executivo, depois da Previdência.