Opinião

Bolsonarismo e PT em 2022

Muitos jornalistas e analistas especializados em política estão convencidos de que a libertação do Lula aumenta a polarização esquerda/direita a tal ponto que, se não elimina, pelo menos diminui muito a chance de políticos mais ao centro conseguirem sucesso nas próximas eleições.

Começo a descrer dessa opinião, primeiro porque a informação que circula por aí de que 30% dos eleitores são fieis ao Lula e outros tantos seguem o Bolsonaro é apenas parcialmente verdadeira. Na realidade nem todos que se dizem petistas são fanáticos imutáveis, da mesma forma que apenas parte dos seguidores do Presidente são “bolsominions”.

Mas não há como negar que os eleitores brasileiros estão gostando desse estilo fanfarrão, estridente, acusatório, grandiloquente e mentiroso de fazer política usado pelos dois lados – Lula e Bolsonaro. Entretanto há alguns fatores que parecem importantes. Está cada vez mais difícil, diante das seguidas condenações, convencer o povo de que o Lula não se corrompeu.

Embora este fato não tenha importância para os petistas mais fanáticos, ele incomoda eleitores menos apaixonados. Também a atração do Bolsonaro por armas, a obsessão pela agenda de trânsito (multas, carteiras, radares, cadeirinha..) para agradar o povo e os caminhoneiros; o desinteresse por causas ambientais e o desprezo pelas minorias animam seus seguidores mais devotados, mas desagradam a muitos outros.

Dessa forma parece que os fatores de atração de ambos já se esgotaram, mas os de rejeição cada um podem crescer, assim, terão que pescar em seguimentos políticos mais ao centro os eleitores de que precisam. Nesse ambiente incerto pode entrar um moderado que atraia os possíveis eleitores de um e de outro. Aqui eu chutaria que o Huck pode agradar aos empresários porque é um deles, e também aos trabalhadores acostumados a vê-lo toda semana com seu apelativo programa de televisão. Acrescente-se a força de captar votos de sua mulher, também conhecida apresentadora. Ele pode substituir o estilo belicoso dos dois adversários pelo jeito populista de benfeitor e amigo dos pobres explorado em seus programas de televisão.

Tem ainda um fator importante. O Bolsonaro privilegiou os evangélicos no seu governo e não se cansa de aparecer entre eles em cerimônias, inclusive prometendo um ministro “terrivelmente” evangélico para o Supremo. Não custa lembrar que este seguimento, embora em crescimento, ainda representa menos de um terço da população brasileira e que os católicos são quase o dobro deles.

Se for verdade que o Bolsonaro é o candidato dos evangélicos e que este grupo já lhe deu os votos que têm, seria um bom discurso do possível futuro concorrente estimular os católicos a ajudarem a eleger um candidato que, cumprindo a Constituição, mantenha as religiões – todas elas – longe do governo.

Hoje o Huck teria chance, mas se a economia continuar melhorando e se o Presidente e sua turma não fizerem muitas “bolsonaradas” nestes três anos de governo deve ganhar um segundo mandato. Agora, se o Moro topar a Vice-presidência e a economia mantiver o viés de alta nos próximos anos os opositores podem “tirar o cavalo da chuva”, porque aí, para o capitão, é “macuco no embornal”, mesmo com as ridículas ofensas diárias dele aos jornalistas na entrada do palácio.

Renato de Paiva Pereira – empresário e escritor
renato@hotelgranodara.com.br

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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